O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, negou há pouco qualquer influência da Casa Civil nas compras de medicamentos do governo. Em entrevista coletiva no núcleo fluminense do Ministério da Saúde, Temporão afirmou que a compra emergencial do medicamento Tamiflu para tratamento de infectados pelo vírus da gripe H1N1, no ano passado, foram discutidas diretamente pelo ministério com a fabricante do produto, a farmacêutica Roche. O ministro disse que o Ministério da Saúde é autônomo na sua gestão de compras e não sofre influência da Casa Civil em processos similares, conforme aponta reportagem desta semana da revista Veja. "Isso não existe."
Segundo Temporão, nenhum integrante da Casa Civil participou no ano passado das reuniões de negociação com o laboratório, que, afirmou o ministro, resultaram em preços 76,7% abaixo do preço de mercado. Ele disse que o teor das discussões foi registrada em ata, disponíveis no ministério, e que "não há hipótese" de integrantes da Casa Civil terem participado.
O ministro disse ter conversado pela manhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo telefone, a quem deu explicações sobre o teor da reportagem da revista Veja. Segundo a revista, Vinícius Castro, sócio do filho da ex-ministra Erenice Guerra, recebeu R$ 200 mil por suposta influência na compra de Tamiflu. Temporão afirmou que o presidente recomendou que ele desse explicações à imprensa.
Em meio ao risco de pandemia da chamada gripe suína, o governo federal realizou sete compras do Tamiflu (fosfato de oseltamivir), totalizando 14,5 milhões de tratamentos (dez comprimidos). O valor da compra, segundo o ministério, foi de R$ 400 milhões. Em média, cada tratamento custou R$ 28. Segundo o ministério, nas drogarias o valor é de R$ 150.
"O Ministério da Saúde julgou a quantidade necessária para compor o estoque estratégico por critérios técnicos, balizados por parâmetros internacionais. O preço foi discutido exaustivamente com a Roche, o único laboratório no mundo que fabrica esse medicamento, diretamente pelo ministério", afirmou Temporão, lembrando que a existência de um único produtor impediu qualquer processo de seleção do fornecedor. "Não há, portanto, motivo para dizer que a compra desse medicamento foi intermediada por quem quer que seja. Até porque não era um certame com a participação de várias empresas. Só há um produtor e tínhamos uma pandemia. Qual seria a necessidade de alguém intermediar?"
O ministro disse não conhecer Castro e Israel Guerra, filho de Erenice, nem ter informação sobre ingerência deles no Ministério da Saúde. Ele disse ter ouvido hoje do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que o governo já acionou a Polícia Federal para investigar mais essa denúncia.
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