O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, reconheceu neste sábado que grande parte da população pode não entender o que é quebra de sigilo fiscal, mas que sabe bem o que significa propina para compra de medicamentos, referindo-se à mais nova denúncia envolvendo a Casa Civil.
"Muita gente no Brasil não entendeu o que é quebra de sigilo, embora seja um crime grave. Mas todo mundo entende, todo mundo sabe o que é corrupção, o que é mensalão, o que é propina", afirmou o candidato após caminhada em Niterói. "Mais ainda, propina para compra de medicamentos, propina dentro da Casa Civil que é o coração do governo", disse Serra, referindo-se à denúncia publicada pela revista Veja envolvendo ex-assessor da Casa Civil.
Reportagem da revista Veja que circula neste fim de semana afirma que Vinícius Castro, assessor da Casa Civil exonerado na segunda-feira, teria recebido 200 mil reais em seu gabinete. O dinheiro teria relação com a compra do medicamento Tamiflu pelo governo em 2009.
O presidenciável tucano, ao ser questionado se a então titular da pasta, a candidata petista Dilma Rousseff, teria como saber da suposta irregularidade, ironizou: "De duas uma, se sabia é crime e se não sabia, não é boa administradora, porque anos e anos com esquema feito ao lado do gabinete com distribuição de propina até para compra de remédio, que é especialmente mórbido."
O tucano evitou falar se a nova denúncia compromete a candidatura de Dilma, e criticou a adversária por tentar separar eleição de governo. "Essa é uma opinião eleitoral que eu me eximo de dar, porque tudo o que eles querem fazer é dizer que eleição é uma coisa e que governo é outra", disse. "A gente sabe que não é assim. A gente sabe que um esquema como esse na Casa Civil não é um esquema que se criou a partir de abril", disse.
O assessor exonerado Vinícius Castro é sócio de Israel, filho da ex-ministra Erenice Guerra, que deixou o cargo na quinta-feira após denúncia envolvendo familiares. Dilma foi substituída no comando da Casa Civil por Erenice quando a petista saiu para concorrer às eleições, em março.
Segundo a revista, o relato foi revelado por um amigo de Vinícius que trabalhava no governo e por seu tio, Marco Antonio Oliveira, diretor de operações dos Correios na época.
Saúde nega
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, rebateu em entrevista a jornalistas as acusações sobre irregularidades na compra do medicamento Tamiflu, usado no tratamento contra a gripe H1N1. Segundo ele, as compras foram realizadas diretamente entre o Ministério da Saúde e a diretoria do único laboratório produtor do medicamento, sem intermediários.
"Portanto, ao contrário do que afirma reportagem da revista Veja, a Casa Civil não teve interferência neste processo", afirmou nota do ministério.
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