A coligação de apoio ao presidenciável José Serra (PSDB) que entrará com pedido de apuração sobre a quebra de sigilo fiscal da filha de Serra acusa o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pelo episódio. "Eles são as principais autoridades responsáveis pela Secretaria da Receita Federal. O presidente da República tem responsabilidade político-administrativa", comentou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Além de Dias, participaram da entrevista o candidato a deputado federal pelo PPS de São Paulo, Roberto Freire, o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e o vice na chapa do presidenciável José Serra, Índio da Costa.
"Compete às principais autoridades do país não permitir que esses crimes absurdos ocorram", disse Freire. Na avaliação dele, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, "admite, em público, que a Receita Federal é incontrolável. Há acessos e quebra de sigilo de cidadãos", afirmou, acrescentando que "qualquer camelô pode vender (informações de dados pessoais de cidadãos), nas principais capitais do País", afirmou. "Essa é uma situação coerente a uma republiqueta", comparou.
Na avaliação de Freire, Lula prevaricou ao não coibir ações criminosas vinculadas à Receita Federal logo no início deste ano quando foi alertado pelo então governador de São Paulo, José Serra, de que havia indícios de que alguns dados fiscais da filha dele, Verônica, poderiam estar sendo veiculados ilegalmente em alguns blogs.
Perguntado por que a coligação apenas apresentou queixa formal à Justiça em relação à quebra de sigilo de Verônica depois de oito meses - a menos de 30 dias para as eleições - o grupo de apoio a Serra foi taxativo. "No começo do ano, havia apenas indício de crime. Agora, existem provas concretas, inclusive, confessadas pela Receita Federal", comentou Dias.
Freire destacou também que há uma série de fatos encadeados considerados por ele como "muito suspeitos" e relacionados à quebra de sigilo. Além do episódio, houve a invasão do Diretório Municipal do PT em Mauá no qual teriam sido roubadas fichas de inscrição de pessoas ao PT. "Parece ser um roubo simulado porque desapareceram fichas de filiação partidária para proteger o abonador da filiação de Antonio Carlos Atella", comentou Dias. "Isso indica clara motivação política de interesse eleitoral", acrescentou Freire.
O contador Atella teria pedido a violação dos dados de Verônica Serra com uma procuração falsa e supostamente seria filiado ao PT - hoje, no entanto, o partido desmentiu sua filiação.
Na avaliação de Índio da Costa, o governo federal tenta tornar "normal e natural a ocorrência de crimes repudiados pela Constituição". "Lei é lei e vale para todo mundo. O PT está escondendo Dilma, que é mentirosa. "Não é normal, nem natural, rasgar a Constituição. A família de Serra enfrentou Pinochet (o ditador chileno) e é preciso acabar com essa palhaçada que ameaça a democracia do país."
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