Dilma encontra com arcebispo de Curitiba antes do comício
A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, disse neste sábado que vai governar inspirada em uma frase atribuída a Jesus Cristo pelo Evangelho de São João - "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância". Antes do comício na Boca Maldita, ela se reuniu por cerca de uma hora com o arcebispo metropolitano de Curitiba, Dom Moacyr José Vitti, e teria feito a afirmação no momento em que o tema aborto entrou em pauta, segundo o deputado estadual Rafael Greca (PMDB), que participou do encontro na biblioteca do arcebispo, na Cúria Metropolitana. A Gazeta do Povo não conseguiu mais detalhes sobre a reunião porque Dilma, o ministro Paulo Bernardo e a candidata ao Senado Gleisi Hoffman (PT), também presentes, saíram rapidamente do encontro, em direção ao comício.
A defesa da legalização do aborto, feita em congressos do PT, motivou o bispo de Guarulhos (SP), dom Luiz Gonzaga Bergonzini, a orientar aos padres da cidade pregar nas missas o voto contra a candidata. Dilma diz considerar o aborto um caso de saúde pública e defende a atual legislação, que permite o aborto em caso de estupro e de risco de vida para a mãe.
Presente ao encontro, o arcebispo emérito Dom Pedro Fedalto contou à petista ter sido assaltado duas vezes, ao que Dilma respondeu que vai "dedicar seu governo à causa do combate às drogas e da estruturação da família", segundo Greca. A candidata também mencionou sua intenção de trabalhar junto com as escolas, hospitais e universidades da Igreja Católica, para que integrem uma "rede brasileira de combate à pobreza".
"Inimigo oculto" barrou a reforma tributária, diz Lula
Para uma plateia de empresários e lideranças políticas reunidas nesta sexta-feira (30) no Cietep, no Jardim Botânico, em Curitiba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "inimigos ocultos" no Congresso o impediram de fazer a reforma tributária. "Tem um inimigo oculto dentro Congresso, aquele que tirou o [ex-presidente] Jânio Quadros do poder. São forças que declaram querer fazer a reforma tributária, mas não a fazem", afirmou o presidente, em uma alusão à frase que teria sido dita pelo presidente Jânio Quadros, quando renunciou ao cargo em agosto de 1961. Na ocasião, Jânio teria dito que a renúncia se devia a "forças ocultas".
Com um discurso moldado para o empresariado, Lula defendeu a carga tributária do país para a formação de um Estado forte, até mesmo para proteger a economia no momento das crises econômicas. "O governo abandonou a ideia do Consenso de Washington [o liberalismo], de que os mercados resolvem tudo e o governo não serve para nada. A crise veio e quem tinha esse pensamento não soube como sair da crise, o Brasil soube", afirmou.
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, também fez um discursos ao gosto do empresariado. A ex-ministra defendeu o agronegócio e não tocou no assunto reforma agrária. Dilma defendeu ainda a política econômica adotada pelo governo Lula. "Foi a primeira vez na história que o Brasil cresceu, controlou a inflação, reduziu o endividamento público e tirou milhões de pessoas da pobreza, incluindo-as no mercado consumidor. Ainda temos desafios, mas criamos um alicerces muito fortes", disse a candidata petista.
Durante o evento, que faz parte do ciclo de debate promovido pela Fiep com os presidenciáveis, os empresários entregaram a Dilma e Lula o Plano Estadual de Logística e Transporte do Paraná (PELT 2020). O documento aponta os principais gargalos da área de transportes do estado e lista os projetos prioritários para resolver esses problemas. O candidato ao governo Osmar Dias (PDT), apoiado por Lula e Dilma, também esteve no evento e recebeu o material.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e candidata do PT, Dilma Rousseff, participaram neste sábado (31) de um comício na Boca Maldita, no Centro de Curitiba, ao lado do candidato ao governo do Paraná Osmar Dias. Perto do final do discurso, Lula fez um pedido ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, para poupar Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43 anos, condenada à morte por apedrejamento sob acusação de adultério.
"Eu queira fazer um apelo ao eu amigo Ahmadinejad e ao congresso, repeitando a lei de cada país", disse. O presidente brasileiro também se ofereceu para receber a iraniana no país. "Se vale a minha amizade e o carinho que tenho pelo presidente do Irã e povo iraniano, se ela está causando incômodo nós a receberíamos no Brasil de braços abertos. Nada justifica o Estado tirar a vida de alguém", concluiu.
O evento, que também conta com a presença no palanque dos candidatos ao Senado Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB), tinha início previsto para às teve 10 horas, mas só começou 11h15. Esse foi o último compromisso oficial da primeira visita de Lula e Dilma no Paraná.
Comício
O governador do Paraná, Orlando Pessuti, abriu a fase de discursos do evento. Ás 11h30 foi a vez de Gleisi. "Curitiba vai ajudar a fazer da Dilma a primeira mulher a governar o país". A candidata do PT ao Senado também atacou o governo Fernando Henrique Cardoso, dizendo que se hoje não há "apagão" - referindo-se ao racionamento de energia de 2001 - como teve no governo FHC, é por causa da Dilma. Além disso, falou que quer ser eleita para defender o interesse das mulheres de todo o país, em especial do Paraná. Vai lutar para combater o tráfico e o crack em especial. "Precisamos defender o direito das donas de casa. É um trabalho que estrutura a sociedade".
Requião iniciou sua fala na sequência. "Bendita a Boca em que se inicia a campanha da Dilma e do Osmar", disse. "A Boca que foi palco da luta contra a ditadura e palco da redemocratização do país. E aqui será palco da continuidade dos projetos sociais do Paraná e do Brasil". Requião disse estar no comício para fazer campanha não só por ele, mas por um projeto. "Esse projeto é a esperança de que o Brasil e o Paraná não voltem atrás. Que não voltem às mãos dos agentes do atraso, do capital especulativo e do capital vadio".
Osmar começou seu discurso às 11h55. "Lula, presta atenção: companheiros e companheiras! Quero saber se já aprendi. Demorou para fazer essa aliança, demorou para sair essa candidatura, demorou para falar "companheiros e companheiras". E eu não quero mais esquecer", disse. Em outro momento, Osmar ainda brincou novamente com o presidente: "Na eleição passada, esse danado veio aqui e disse: 'tem que votar no Requião'. E lá se foi minha eleição. Agora, vou deixar para ele falar...", finalizou.
Medo
Dilma teve sua vez por volta do meio dia. "No Brasil eu acho que tem lugares especiais, onde se depositam as lutas das pessoas. Aqui é um desses lugares. Aqui os paranaenses ousavem ser livres e corajosos durante a Ditatura. E quando a morçada caiu sobre o Brasil, aqui se ouviam vozes de homens e mulheres lutando pela democracia", disse.
Dilma alfinetou seus adversários políticos, sem mencionar nomes. "Aqui, portanto, nós temos que repudiar aqueles que diante da possibilidade de perderem seus privilégios, ameaçam com medo. E tentam transformar o medo numa forma relaxada, desqualificada de fazer política", afirmou. "Foi assim que fizeram com o presidente Lula em 2002. Chegaram a dizer que o Brasil ia parar se Lula fosse eleito. Esse mesmo adversário levou pessoas para a televisão para dizer que tinham medo do presidente Lula. Mas a fé venceu a esperança. E hoje nós vamos vencer o medo não só com esperança mas com os projetos do governo Lula", completou.
Dilma ainda pediu votos para os deputados da aliança, falou dos projetos do governo Lula e dirigiu a palavra especialmente para as mulheres. "Nós sabemos que o Brasil está preparado para ter uma presidente mulher. E eu vou ser a primeira mulher presidente desse país", afirmou.
Lula
Lula subiu ao palco às 12h25, cumprimentou as lideranças presentes e o público. "Desde 82 será a primeira vez que meu nome não estará numa cédula para disputar uma eleição majoritária no país. Acabou", disse. Lula falou sobre a reforma política e que brigará por ela após seu mandato. "Não era minha obrigação como presidente trabalhar a reforma política. Mas agora como cidadão, filiado ao PT, pode ficar certo que faremos a reforma política no país".
Sobre a aliança com Osmar, Lula disse que as negociações para a aliança foram difíceis e retribuiu a brincadeira do pedetista. "E agora eu vou dizer: povo do Paraná, vote no companheiro Osmar para governador. Bem estamos quites. Sem mágoas", disse.
Além de falar sobre realizações do seu governo, lula alfinetou, também sem mencionar nomes, um de seus antecessores. "Eu quero ensinar a um ex-presidente da República a ser ex-presidente e não dar palpite no governo dos outros". Lula também pediu voto para Dilma. Aos falar de seus projetos no governo, disse que muitos deles foram gerenciados pela petista. "Essa é uma mulher para quem eu daria um talão de cheque assinado em branco", afirmou.
Apoio importante
O evento deve ajudar Osmar a "colar" a sua imagem na do presidente. Pesquisa Vox Populi* divulgada na quarta-feira (28) mostra que a maioria dos eleitores ainda desconhece quem é o candidato ao governo estadual apoiado por Lula. Segundo o levantamento, 72% dos eleitores afirmaram não saber qual é o candidato do presidente no estado que disputa a corrida pelo Palácio Iguaçu. Outros 4% afirmaram que o candidato de Lula é o tucano Beto Richa (PSDB). Apenas 19% dos eleitores sabem que é Osmar Dias (PDT). A pesquisa Vox Populi também mostrou que, para 18% dos paranaenses, a indicação do presidente Lula será determinante para a escolha do candidato ao governo do estado.
Lula e Dilma dividiram o palanque pela primeira vez nesta campanha no Rio de Janeiro no último dia 16. O evento reuniu cerca de 6 mil pessoas. Na semana passada, a comitiva escolheu Garanhuns, reduto do presidente Lula, para um "comício reservado". Na quinta-feira (29), foi a vez de Porto Alegre, onde Dilma iniciou sua carreira política.
Em 2006, a participação de Lula em um comício também na Boca Maldita é apontada por analistas políticos como um dos fatores que favoreceu a reeleição de Roberto Requião ao Palácio Iguaçu. Na ocasião, Requião venceu Osmar Dias. Nestas eleições, ambos estão na mesma chapa.
Durante a visita à capital gaúcha, Lula negou que irá se licenciar do cargo para participar de alguma etapa da campanha da petista. "Não seria justo ser presidente da República e se licenciar para disputar uma campanha eleitoral", disse. "O presidente precisa governar até 31 de dezembro, e ainda agir como se o fosse até as 10 horas [do dia 1.º de janeiro], quando o eleito for homologado pelo Congresso", justificou. "Aí, sim, estarei de licença para outras campanhas."
* Serviço: a pesquisa Vox Populi está registrada no TSE sob o protocolo 19928/2010. Foram entrevistas 800 pessoas entre os dias 17 e 20 de julho. A margem de erro da pesquisa é de 3,5 pontos porcentuais para mais ou para menos.
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