Desde as eleições de 1950, que levaram Getúlio Vargas de volta à Presidência, José Carlos Mello Rocha trabalha como mesário voluntário. Aos 79 anos, o aposentado espera poder trabalhar no próximo pleito. Para ele, ser mesário é uma prova de cidadania e de brasilidade.
Quando garoto, Rocha trabalhava no cartório do pai, em Jaguariaíva, nos Campos Gerais, inclusive no serviço eleitoral. Tornou-se eleitor e o envolvimento aumentou. "Isso foi se impregnando na minha forma de ver, existir e trabalhar mesmo. Fui fazendo o serviço com muito gosto, porque me dedicava a esse trabalho", explica.
Em 60 anos de trabalho voluntário, foram poucas as eleições em que ele não trabalhou, mas nunca deixou de votar. Em 2006, um problema de saúde impediu que fosse mesário, mas o voto foi registrado. Um carro do Tribunal Regional Eleitoral foi buscá-lo em casa. Rocha vota no Colégio Rio Branco, em Curitiba. "Eles mudaram a minha seção para o primeiro andar para facilitar o meu trabalho", conta.
Há 20 anos na mesma seção eleitoral, Rocha já se tornou conhecido dos eleitores que votam no colégio. "Na última eleição em que não trabalhei, eles sentiram a minha falta", comenta.
Para ele, o pouco envolvimento de jovens e adultos com o trabalho eleitoral causa estranheza. "Com 79 anos, eu tenho muita vontade de trabalhar. O que mais quero ver é esses eleitores envolvidos para participarem dessas eleições".