Presidenciáveis e Lula são armas para o Senado
O presidente Lula e dois dos candidatos à sua sucessão foram usados ontem como armas pelos paranaenses que disputam uma vaga no Senado. Apenas Dilma Rousseff (PT), entre os três mais bem colocados na corrida presidencial, não foi mencionada pelos candidatos.
Análise: Sem inovação
As primeiras exibições do horário eleitoral gratuito para o governo do Paraná mostraram mais do mesmo de campanhas anteriores. Houve repetição, por exemplo, do desempenho em 2008 de Beto Richa (PSDB).
O velho de novo
Os marqueteiros ou os próprios candidatos, naqueles momentos de "Meu bem, escute isso que eu bolei!" não têm jeito: vão à vala dos bordões mastigados e retornam com peças incapazes de gerar qualquer estímulo. Alguns dos bordões e versos no primeiro dia da campanha midiática.
Os dois principais candidatos ao governo do Paraná usaram o primeiro dia do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, ontem, para mostrar suas biografias e qualidades. E a propaganda acabou se transformando em uma espécie de "disputa" entre Curitiba e o interior do estado. Beto Richa (PSDB) falou de sua experiência como prefeito da capital durante dois mandatos. Osmar Dias (PDT) fez questão de mostrar que conhece todo o interior do estado.
Richa garantiu que vai levar alguns projetos que tocou como prefeito de Curitiba para o resto do estado. Um deles é o Mãe Curitibana, criado na gestão do ex-prefeito curitibano Cassio Taniguchi, que serve para dar acompanhamento às gestantes desde o exame pré-natal até o momento do parto. Na área da segurança pública, o tucano prometeu combater as drogas, especialmente o crack. E citou o fato de que criou em Curitiba a Secretaria Antidrogas. No programa de rádio, já havia dito que saúde e segurança serão suas duas prioridades.
Osmar falou no rádio da vida que levou no campo, quando era estudante. Disse que todos os dias, depois da escola, ia para a "lida na roça". No programa de tevê, mostrou trechos de seu discurso no mês passado na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em que apresentou suas propostas. "Conheço cada palmo desse estado", afirmou, enquanto defendia duplicações de estradas importantes no interior.
Bom moço x caipira simpático
Para Adriano Codato, professor de Ciência Política da UFPR, o primeiro programa eleitoral estadual reforçou a imagem de que a eleição será disputada entre o "bom moço" e o "caipira simpático". "Os coordenadores de campanha criam essas imagens simples. E não percebem que o eleitor é mais politizado do que isso", afirma.
Codato diz que, embora as campanhas apostem em imagens diferentes, que criam um clima de metrópole versus interior, o discurso dos dois candidatos não facilita ao eleitor saber as reais intenções de cada um. "As imagens são diferentes, mas os discursos não."
Como é tradicional em início de campanha, os candidatos também aproveitaram a programação da tevê e do rádio para relembrar aos eleitores suas biografias. Beto Richa colocou no ar a imagem de seu pai, o falecido governador José Richa, e de outros políticos com quem conviveu em sua infância e adolescência, em função da militância do pai. Mostrou também a mulher e os filhos.
Osmar, de modo semelhante, falou de suas origens, principalmente no rádio, onde contou como foi dura sua vida no campo. E igualmente falou do pai, Silvio Dias, como um exemplo de vida.
O cientista político Ricardo Costa de Oliveira, da UFPR, diz que o programa dos dois candidatos foi tradicional. "Os dois fazem parte de famílias que estão há bastante tempo na política paranaense. E fizeram questão de destacar as suas origens", afirma.
Apoio de Lula
Osmar também aproveitou o primeiro programa para deixar claro que é o candidato apoiado pelo presidente Lula no Paraná tanto no programa de rádio como no da televisão.
No programa de Beto Richa, o presidenciável tucano José Serra teve uma presença bem mais discreta. No rádio, não foi citado. Na televisão, surgiu apenas caminhando ao lado de Richa durante sua última passagem por Curitiba.