Serra tenta ganhar a simpatia de evangélicos em Foz do Iguçu
O candidato à Presidência José Serra (PSDB) tentou ganhar a simpatia de eleitores evangélicos nesta terça-feira (26) em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Ao falar para cerca de 800 lideranças que participam da 50ª Convenção de Pastores da Assembleia de Deus no Paraná, o tucano se comprometeu a vetar o projeto de lei 122/2006, que torna crime qualquer discriminação contra homossexuais, caso ele venha a ser aprovado pelo Congresso. "Do jeito que está, ele passa a perseguir igrejas que têm posições contrárias ao homossexualismo", disse. "Uma coisa é perseguir e fazer grupos de extermínio contra os gays. Outra é proibir que as igrejas preguem contra atos homossexuais entre seus fieis. Eu vetarei essa lei."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a visita que fez à capital paranaense nesta terça-feira (26) para atacar a oposição, em especial o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, José Serra. Sem a presença da presidenciável Dilma Rousseff (PT), que busca votos na Região Nordeste, Lula usou um trocadilho para dizer que os curitibanos não deveriam eleger o tucano. "Não é possível que um estado como Paraná, um dos mais desenvolvidos deste país, com um padrão de vida altíssimo, permita que o país desça serra abaixo", disse, recebendo aplausos do público. Frase semelhante foi usada por Dilma na segunda-feira (25) em Caruaru, interior de Pernambuco.
"Como podemos confiar em alguém que fica atacando uma mulher a todo momento? Como alguém alguém assim quer ser presidente? Imagine depois [de eleito] como vai ser com a gente [povo]", ressaltou o presidente, que completa 65 anos hoje, com direito a várias "festas" espalhadas pelo Brasil, como divulgou ontem a organização da campanha petista.
Lula atraiu a atenção do público por cerca de 27 minutos. A estimativa da Polícia Militar é de que aproximadamente 3 mil pessoas tenham comparecido à praça União, na Cidade Industrial de Curitiba. No entanto, antes do início do ato, seguranças chegaram a encurtar o espaço destinado ao público para evitar grandes vazios, o que prejudicaria a imagem do comício.
Outros discursos
O governador do Paraná Orlando Pessuti (PMDB) abriu o comício. O peemedebista foi breve. O discurso se resumiu a pedir votos à petista, "a melhor opção para o Brasil". Quem assumiu o microfone na sequência foi o ex-governador e senador eleito Roberto Requião, também do PMDB. Bem mais incisivo, usando palavras fortes, Requião pediu com veemência para a população de Curitiba não votar em José Serra. Ele lembrou da polêmica iniciativa do tucano que, há 22 anos, durante a Constituinte, foi foi relator do texto que definiu exceções às regras de cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre energia elétrica e petróleo.
Ao contrário de todos os demais produtos que estão na base do ICMS, a norma determina que a arrecadação sobre eles só ocorre no estado consumidor (de destino), o que prejudica os cofres paranaenses e beneficia São Paulo, estado de origem de Serra. De acordo com cálculos da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefa), o Paraná deixou de arrecadar R$ 789,2 milhões em 2009 devido à norma. "É dinheiro que poderia ser investido em educação e saúde", disse o ex-governador.
No palco, ao lado de Lula, estavam ainda o senador Osmar Dias (PDT), a senadora eleita Gleisi Hoffmann (PT) e o ministros Paulo Bernardo (Planejamento). Demonstrando ainda abatimento por causa da derrota para Beto Richa (PSDB) na disputa pelo governo do estado, Osmar encurtou a fala. Além de seguir o roteiro agendado, pedindo apoio a Dilma, agradeceu os votos que obteve na cidade 300.975 contra 690.823 do adversário.
Gleisi tinha mais a dizer. Olhando para Lula, a petista se emocionou ao lembrar que o comício era o último do petista no Paraná como presidente da República. Foi a deixa para a surpresa da noite. Algumas pessoas subiram ao palco para agradecer diretamente a Lula por terem alcançado uma "vida nova". Um agricultor lembrou dos programas destinado aos trabalhadores rurais. Um estudante ressaltou o fato de pode cursar um ensino superior em uma universidade pública.
Ao redor, um grupo de crianças, todas vestidas de branco, agitavam balões vermelhos em formato de estrela (marca do PT), em alusão ao aniversário do presidente, que nesta quarta-feira (27) completa 65 anos. Em coro, cantaram o jingle "Sem Medo de ser Feliz", também conhecido como "Lula Lá", ícone da campanha petista de 1989. No fim, a música se transforou nova versão, feita para Dilma pelo compositor Wagner Tiso.
No fim, quebrando o protocolo, Lula desceu do palco para abraçar populares, encerrando a última tentativa de levar os curitibanos para o lado de Dilma. No primeiro turno, a ex-ministra perdeu para Serra na cidade por uma diferença de quase 200 mil votos.
Visita
Esta é a quinta visita do presidente ao Paraná terceira a Curitiba desde o início da campanha eleitoral em julho. A presença de Lula no Paraná, e especificamente em Curitiba, tenta reverter o quadro desfavorável da candidata governista à sucessão presidencial no estado, já que ela perdeu a votação no Paraná por uma diferença de cerca de 600 mil votos.
A escolha do local do comício de Lula não foi por acaso. A Cidade Industrial é o bairro mais populoso da capital, com 157 mil moradores, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano 2000. Além disso, a praça União fica no meio de 10 condomínios, que reúnem cerca de 700 apartamentos, ou aproximadamente 2,5 mil moradores. Outro fator é que ali próximo estão duas grandes vilas: a Nossa Senhora da Luz e parte da Ferrovila.
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