Para PT, candidatos têm a mesma posição
Lideranças do PT passaram a adotar ontem a estratégia de dizer em entrevistas que Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) têm a mesma posição em relação ao aborto: a de que são contra e não defendem a alteração da legislação atual, que prevê essa possibilidade apenas nos casos de estupro e risco de vida à mãe.
Serra: Dilma mudou de opinião devido à eleição
O candidato José Serra (PSDB) rebateu ontem as afirmações de lideranças do PT de que ele e Dilma Rousseff teriam a mesma posição sobre o aborto. Serra afirmou que sempre foi contra e disse que sua adversária mudou de posição por razões eleitorais. "O que está agora em questão nessa campanha não é ser contra ou a favor [do aborto]. É a mentira. Quem é a favor e, de repente, diz que é contra, por motivos eleitorais", afirmou Serra.
São Paulo - O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, um dos principais expoentes da Igreja Católica no país, defendeu ontem que os eleitores têm o direito de saber a posição dos dois candidatos à Presidência, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), sobre o aborto. Mas alertou que a polarização do debate em torno do assunto na campanha não é boa porque está impedindo que outros temas importantes sejam discutidos. E esclareceu que a Igreja não apoia nem um nem outro concorrente, embora os padres e bispos sejam livres para manifestar suas opiniões.
"Acho que [o aborto] é uma das questões que os eleitores devem saber o posicionamento dos candidatos. É uma das questões sim que os candidatos devem manifestar", disse ele. "Acredito que é bom que a questão do aborto seja também levada em consideração dentro dos debates políticos. É questão que merece consideração política. Ou a vida humana seria tão desprezível que não merece atenção da discussão política?"
A Igreja é contrária à interrupção da gravidez. Apesar disso, dom Odilio procurou dizer que outros assuntos devem ser abordados na campanha. "A polarização em torno do assunto não é boa porque existem muitos assuntos que devem também ser levados em consideração."
O cardeal ainda deixou clara a posição dos bispos brasileiros sobre a eleição. "A posição da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] está muito clara, de não indicar partidos nem candidatos, mas apontar critérios e princípios em relação à escolha, que depois é de livre e autônoma responsabilidade dos próprios eleitores."
A Comissão Brasileira Justiça e Paz, ligada à CNBB, já havia divulgado nota com recado direto para setores da Igreja que estão pregando voto contra Dilma o que, segundo o texto, estaria induzindo os fiéis a acreditar que a Igreja tenha "imposto veto a candidatos nessas eleições".
Mas dom Odilo defendeu ontem a livre manifestação de padres e até bispos, como dom Luiz Gonzaga Bergonzini, de Guarulhos, que, nas últimas semanas, têm pregado o voto contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, alegando que ela é a favor do aborto. "Eles [padres e bispos] são livres para se manifestar."
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