Para o cientista político Ricardo Caldas, professor da Universi­­dade de Brasília (UnB), a polêmica sobre o aborto ajudou a esclarecer os valores e o posicionamento dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Segundo ele, o aborto é "a ponta do iceberg de uma série de discussões sobre valores". "Essa questão foi positiva porque ajudou a definir qual a proposta do Serra e qual é a da Dilma, quem são eles e onde estão", afirma.

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Antes da eleição, Dilma havia se posicionado favorável à descriminalização do aborto, considerando-o um problema de saúde pública. Serra, responsável por uma norma técnica que orienta os métodos dos abortos previstos em lei, se posicionava contrário à prática. O tucano foi beneficiado por uma campanha de religiosos, que orientavam os fiéis a não votar em Dilma. A candidata, temendo perder votos, mudou o discurso e se comprometeu a não legalizar o aborto.

Mas o tema perdeu terreno no último debate entre os presidenciáveis, no domingo. Isso ocorreu após o jornal Folha de S. Paulo publicar reportagem sobre um suposto aborto que teria sido feito por Monica Serra, mulher do tucano.

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Sobre as poucas propostas apresentadas para a família em meio à polêmica do aborto, Caldas diz que em uma campanha "não dá para falar tudo". "Tem que estabelecer algumas prioridades e focar nelas", afirma. "Não dá para falar de cada rodovia que vai recuperar."