São Paulo - O PT de São Paulo quer instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis desvios de recursos do ex-diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, para a campanha eleitoral do PSDB, e as relações do engenheiro com o José Serra, candidato tucano a presidência, no período em que ele governo o Estado de São Paulo. O deputado Antônio Mentor (PT) disse que há uma relação promiscua de Souza com o governo tucano. Segundo matéria da revista "Isto É", o ex-diretor do Dersa, que foi exonerado do cargo quando Alberto Goldman assumiu o governo, teria desviado R$ 4 milhões supostamente destinados ao caixa 2 da campanha tucana à presidência.

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- Paulo Preto administrou duas grandes obras em São Paulo, o trecho sul do Rodoanel Mário Covas e a reforma da Marginal Tietê, que receberam investimentos de R$ 6,5 bilhões. É bem possível que tenha desviado dinheiro para o caixa 2 da campanha tucana - afirmou Mentor.

Em nota, a assessoria de imprensa de José Serra informou que "quando nao se envolve em escândalos, o PT aproveita o pouco tempo que lhe resta para fabricar factoides.

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- Essa iniciativa é ridícula. O PT tem um rol extenso de escândalos e muito com que se preocupar: a familia Erenice, a familia Cardeal, o libanês Cassel, o mensalão, os dolares na cueca... - afirmou o comunicado.

O desvio de recursos foi citado pela candidata petista Dilma Rousseff em um debate na Rede Bandeirantes, no dia 10 de outubro. Serra disse que não conhecia Souza e que o episódio era um factoite criado pelos adversários, mas voltou atrás no dia seguinte logo após o ex-diretor da Dersa cobrar solidariedade dos tucanos. A abertura de uma CPI só é possível com a assinatura de 32 deputados. Por enquanto, o PT conta com a adesão de 20 deputados do seu partido e outros três do PSOL e PDT. A ideia é tentar convencer deputados insatisfeitos da base do governo a votar com a oposição o pedido de abertura da comissão parlamentar.

Na última quinta-feira, a bancada do PT na Assembleia Legislativa entrou com uma representação no Ministério Público de São Paulo pedindo uma investigação completa do caso. Os deputados querem saber se houve desvio de verba do rodoanel, com um suposto uso de material de segunda linha a preços superfaturados. O advogado de Souza, José Luiz Oliveira Lima, disse que o seu cliente prestará todos os esclarecimentos se for convocado pela CPI. Sobre a representação do pedido de investigação no MP ele afirmou que as acusações são inconsistentes. Mentor disse que a relação de Serra com Souza é muito forte. A prova seria a contratação da filha do ex-diretor da Dersa, a jornalista Tatiana Arana Souza Cremonini, para o cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, em 2007.

- Logo no primeiro mês de governo, em 2007, Serra nomeou a filha de Paulo Preto para um gabinete no Palácio. Ela recebe um salário de R$ 4.595, com gratificações, como assistente técnica de gabinete. A relação dos dois é muito clara - disse Mentor.

Para o deputado, a atuação de uma outra filha de Paulo Preto, Priscila Arana, como advogada de empreiteiras contratadas pela Dersa mostra a relação "incestuosa" dentro do governo tucano. Priscila e sua mãe, Ruth, ex-mulher de Souza, teriam, inclusive, emprestado R$ 300 mil para Aloysio Nunes Ferreira, eleito senador pelo PSDB, comprar um apartamento. A dívida já teria sido quitada.

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- Priscila advogava para empresas contratadas pelo pai dela na Dersa. É estranho, por exemplo, que ela tenha emprestado dinheiro Aloysio Nunes Ferreira comprar um imóvel. Como pode uma pessoa formada em 2002 ter quatro anos depois um dinheiro desses para emprestar? - questionou.