Requião pesou muito e Lula pouco, diz aliado
As primeiras análises sobre a derrota do senador Osmar Dias (PDT) feitas por aliados do pedetista atribuem o resultado das urnas ao anseio dos paranaenses por renovação, depois de oito anos de administração do PMDB no estado. O ex-governador Roberto Requião (PMDB) era aliado de Osmar nesta eleição e o desgaste da administração estadual teria pesado contra o atual senador principalmente porque os dois foram adversários ferrenhos na última eleição em 2006, em que Requião foi reeleito. Além disso, o potencial de transferência de votos do presidente Lula acabou não sendo o esperado.
O coordenador-geral da campanha de Osmar Dias, Mário Pereira, acredita que três fatores foram determinantes na campanha: a boa imagem de Beto Richa (PSDB) como prefeito de Curitiba, o desejo de renovação da população e a supervalorização do peso de Lula. "O desejo de mudança é natural. Depois de dois mandatos de Jaime Lerner, a população não deu um terceiro mandato ao grupo dele. Depois dois mandatos de Requião, a população não quis a continuidade."
A avaliação do irmão de Osmar, o senador Alvaro Dias (PSDB), é parecida. "Ficou comprovado que a capacidade de transferência de votos de Lula não é aquilo que muitos imaginavam", comentou ao falar da derrota de Osmar e da vitória de José Serra (PSDB) no Paraná, candidato de oposição ao presidente Lula.
Já para o candidato a vice-governador na chapa de Osmar, Rodrigo da Rocha Loures (PMDB), um dos principais motivos da derrota foi a proibição da divulgação dos levantamentos de intenção de voto, medida tomada pela Justiça a pedido de Beto Richa (PSDB). "Essa estratégia funcionou", disse Rocha Loures. (HC)
Principal perdedor na eleição para o governo do Paraná, o senador Osmar Dias (PDT) não comentou ontem o resultado da votação a segunda derrota seguida do pedetista na disputa pelo Palácio Iguaçu. Em 2006, Osmar havia perdido por apenas 10 mil votos para o ex-governador Roberto Requião (PMDB). Agora, a diferença para o adversário, Beto Richa (PSDB), chegou a 394,4 mil votos.
Depois de votar pela manhã em Maringá, Osmar viajou a Curitiba. O senador acompanhou a apuração dos votos ao lado da família e de alguns amigos em uma chácara em Quatro Barras, na região metropolitana. Poucas pessoas foram recebidas no local e ele não quis atender a imprensa, que aguardou em frente do portão principal da propriedade até a noite sem que ele desse entrevistas.
A única declaração de Osmar após o resultado da eleição foi dada por meio do Twitter, site mensagens curtas. Ele agradeceu o apoio de aliados e os votos recebidos: "Agradeço a todos que trabalharam na nossa campanha, a todos que confiaram no nosso projeto, que com garra e entusiasmo acreditaram em nós", escreveu, por volta das 20 horas. O senador deve dar entrevistas somente hoje.
Sem cargo
A derrota de ontem deixará Osmar sem cargo público a partir do ano que vem. Em dezembro, ele encerra o segundo mandato de senador, depois de passar 16 anos como representante do Paraná em Brasília.
Nos bastidores, especula-se que uma das possibilidades políticas para Osmar é a participação em um eventual governo de Dilma Rousseff (PT) na Presidência da República, caso ela vença o segundo turno das eleições presidenciais. O PDT é um dos partidos que estão ao lado de Dilma. Uma das apostas dos bastidores é que Osmar venha a se tornar ministro da Agricultura, pois ele é fortemente ligado ao setor agropecuário e o Paraná costuma ter força para indicar o nome do ocupantes dessa pasta (o estado é o maior produtor nacional de grãos).