“As eleições brasileiras estão menos transparentes do que já foram em eleições passadas. As doações ocultas têm crescido muito”, Gil Castello Branco, secretário-geral da ONG Contas Abertas| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

A relação dos doadores de campanha de um candidato é uma informação importante ao eleitor e pode influenciar no voto, diz Gil Castello Branco, fundador e secretário-geral da ONG Contas Abertas. Segundo ele, o eleitor consciente levaria em conta a informação, pois o tipo de financiador pode dizer muito sobre o candidato. "Se souber que o candidato é financiado pela indústria do fumo, alguns eleitores poderiam ficar indignados e não votar nele", exemplifica. "Isso pode se repetir com grandes empreiteiras, banqueiros. Isso é informação relevante ao eleitor."

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Castello Branco observa que, historicamente, a relação entre candidatos e financiadores é "promíscua" no Brasil. "Quase todos os escândalos acabaram tendo como elementos comuns políticos, financiadores e alguém para liberara re­­­cursos com mais facilidade."

Para dar mais transparência, a melhor forma é colocar todas as informações na internet, defende o fundador do Contas Abertas. Segundo ele, as prestações de contas parciais durante a campanha deveriam apresentar a relação dos doadores, o que não é exigido pela legislação atual. A ONG encaminhou, no dia 24 de outubro de 2008, um ofício ao Tribunal Superior Eleitoral sugerindo que os nomes dos doadores e prestadores de serviços fossem divulgados já nas prestações de contas parciais dos candidatos.

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Castello Branco cita que há ainda outro dispositivo que impede a transparência nas eleições: as doações ocultas. Elas são feitas diretamente aos partidos, o que impede a identificação do candidato que utilizou os recursos. "As eleições brasileiras estão menos transparentes do que já foram no passado. As doações ocultas têm crescido muito", afirma. "Acho que se isso está agradando ao doador, ao político e ao partido, só não está agradando ao cidadão."