Em um duro discurso, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, acusou o governo federal e o PT de tentarem intimidar e censurar a imprensa nos últimos anos. A declaração foi feita nesta quinta-feira, durante o 8º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela Associação Nacional de Jornais no Rio de Janeiro. Sem citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Serra disse que as tentativas de censurar o setor de comunicação social se dão de três formas.
A primeira, segundo, ele, é a "democrática entre aspas", pela realização de conferências como as de comunicação, direitos humanos e cultura, que, afirmou, "se voltaram de fato para o controle da nossa imprensa, através do suposto controle da sociedade civil." "Quantas pessoas participam dessas conferências? Quinze mil? Vinte mil? Isso não representa o povo brasileiro. Representa um partido e setores que revelaram uma certa porosidade. São feitas com dinheiro público, são de um partido e de frações de um partido, do PT", afirmou ele, acrescentando que esses encontros geraram cerca de 600 projetos de lei que estão no Congresso.
Serra também acusou o governo de tentar intimidar o setor de comunicação pela ameaça de restrições à publicidade de certos produtos, e denunciou a existência de um suposto patrulhamento exercido contra profissionais de imprensa. O candidato também criticou a TV Brasil, mantida pela estatal Empresa Brasil de Comunicação, e criticou a Lei Eleitoral, que, afirmou, impõe um "isentismo" obrigando jornalistas a se preocupar com versões, não com fatos. O candidato admitiu que às vezes reclama da ação da imprensa, mas afirmou que não o faz com o ânimo de quem quer censurar.
"É muito diferente de ter um aparelho de Estado que se organiza para trazer sob seus desígnios o jornalismo, usar a opressão do Estado através de pronunciamentos, de pressão econômica, pressão de chantagem, pressão de patrulhamento em favor de um partido", atacou. Depois do discurso, Serra assinou a Declaração de Chapultepec (documento lançado em 1994 no México em defesa da liberdade de imprensa) e, em entrevista, se recusou a responder a perguntas sobre as críticas que fizera ao PT e ao governo no discurso. A candidata do PT, Dilma Rousseff, é esperada para participar do encontro à tarde. Marina Silva (PV) irá na sexta-feira (20) ao encontro.