Apoio do PV não será garantia de transferência de votos
A esperada disputa polarizada entre PT e PSDB rachou ao meio graças a Marina Silva (PV). Com quase 20 milhões de votos, a candidata agora ameaça ser o fiel da balança no segundo turno. Tanto que o apoio "verde" já desperta declaradamente a cobiça de Dilma Rousseff e José Serra.
Escândalo e cultura levam para novo turno
A cultura dos brasileiros de tentar levar as eleições sempre para o segundo turno, o escândalo envolvendo a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra suposto tráfico de influência no governo federal e a postura da candidata Dilma Rousseff (PT) em relação a questões polêmicas, como o aborto, explicam porque a petista não levou o pleito no primeiro turno, segundo cientistas políticos ouvidos pela reportagem. Para o segundo turno, dizem os especialistas, Dilma Rousseff é a grande favorita, mas terá de mexer no discurso.
Escondido por colegas de partido nas eleições regionais durante o primeiro turno, José Serra deverá ter aliados mais empenhados por sua candidatura nesta segunda etapa da corrida presidencial, segundo avaliação de analistas políticos. A definição da disputa a favor dos tucanos em estados importantes Minas Gerais e São Paulo, os dois maiores colégios eleitorais do país, ficaram nas mãos do PSDB deixa os principais nomes do partido livres para colocar suas tropas para trabalhar pela eleição de Serra.
Até a votação de ontem, o entendimento era de que se colar à imagem do presidenciável tucano poderia resultar em efeitos negativos. Serra apareceu de forma tímida nas campanhas vitoriosas de Aécio Neves (senador) e Antonio Anastasia (governador), em Minas, e Geraldo Alckmin (governador), em São Paulo.
"O Aécio, um líder de expressão, vai ter de mostrar serviço e se envolver na campanha de Serra. Em São Paulo, com o Alckmin, é a mesma coisa", afirma o cientista político Antônio Octávio Cintra, co-autor do livro Sistema Político Brasileiro Uma Introdução e professor da UFMG. Para ele, porém, a decisão de Aécio de se distanciar de Serra foi politicamente sensata. "Naquele momento, ele (Aécio) não podia se envolver. Estava brigando no seu estado, subindo a ladeira, e não podia partir carregando o Serra", afirma.
Apesar da vitória dos tucanos em Minas, o desempenho de Serra mostra que a transferência de votos não será fácil. O candidato à Presidência terminou o primeiro turno no estado bem atrás de Dilma Rousseff com 32,66% dos votos, contra 46,94% da petista.
"É verdade que agora o Aécio está liberado do peso de não querer desagradar ao eleitor da Dilma em Minas. Pode, portanto, sair com força em favor do Serra, sem risco pessoal para ele. Mas a vitória dele e do Anastasia não significa uma transferência de votos para Serra", diz Bruno Reis, professor de Ciência Política da UFMG.
Paraná
O novo governador eleito do Paraná, Beto Richa, também foi criticado por evitar a presença de Serra em sua campanha. Durante o período eleitoral, ele se defendeu dizendo que não escondia o candidato a presidente, mas afirmou também que não era "boneco de ventríloquo". Ao contrário do que apontavam os institutos de pesquisa, Serra venceu a eleição no Paraná 43,94% dos votos, contra 38,94% de Dilma. "O Serra não entra [no segundo turno] sem possibilidades", afirma Cintra. "Mas vai ter de contar com o envolvimento pesado de Alckmin e Aécio."
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