Homofobia: Criminalização gera saia-justa
São Paulo - Tentando colar em Dilma Rousseff (PT) a imagem de ser a favor do aborto, a campanha de José Serra (PSDB) ficou ontem em uma saia-justa em outro assunto espinhoso para o segmento religioso: a criminalização da homofobia. O jornal O Dia publicou entrevista em que o vice de Serra, Indio da Costa (DEM), diz que a campanha teria aceitado, a pedido de evangélicos, se posicionar contra o projeto de lei que transforma em crime a discriminação de homossexuais.
Após a notícia, o comando da campanha do PSDB desmentiu Indio e informou ainda não ter tratado do assunto. "A campanha não tratou desse assunto. Você fale com ele [Indio], não comigo", disse o coordenador da campanha e presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Perguntado se a campanha era contra ou a favor do projeto, Guerra disse que não tinha conhecimento do assunto, por isso não se manifestaria.
Das agências
Brasília - O candidato José Serra (PSDB) rebateu ontem as afirmações de lideranças do PT de que ele e Dilma Rousseff teriam a mesma posição sobre o aborto. Serra afirmou que sempre foi contra e disse que sua adversária mudou de posição por razões eleitorais. "O que está agora em questão nessa campanha não é ser contra ou a favor [do aborto]. É a mentira. Quem é a favor e, de repente, diz que é contra, por motivos eleitorais", afirmou Serra.
O "resgate" de valores cristãos durante a campanha, que supostamente seriam "agredidos" pelo PT, é uma das estratégias do PSDB para tentar eleger Serra. O objetivo é angariar os votos de religiosos, que teriam sido decisivos para levar a eleição ao segundo turno.
Mas Serra também é criticado por determinados segmentos religiosos, embora sempre venha se declarando contra o aborto. Quando foi ministro da Saúde, Serra assinou a norma técnica que facilitou a realização de abortos, para casos previstos em lei (estupro e risco de morte da mãe), nos hospitais públicos.
Passado da petista
Aliados de Serra vem defendendo, nos bastidores, que o próximo flanco a ser explorado pela campanha do tucano é a atuação de Dilma Rousseff como militante de extrema esquerda durante a ditadura militar. A ideia é dizer, na campanha, que pouco se sabe sobre o passado dela, criando dúvida no eleitorado. Recentemente, o Superior Tribunal Militar (STM) decidiu manter guardado em um cofre, sem permissão para acesso público, os autos do processo que levou a candidata à prisão naquele período.