O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem que o PT convive mal com a democracia, ao avaliar o episódio da quebra do sigilo fiscal de dirigentes tucanos e de sua filha, Verônica. Serra reclamou ainda que o presidente Lula fez "deboche" sobre a questão. E disse que a Receita tem participado de uma "operação abafa" para atrapalhar a elucidação do caso.
"Não acho que o principal aspecto dessa questão [a violação do sigilo] seja eleitoral, ao contrário do que muitos setores da imprensa têm considerado. É de outra natureza: tem a ver com a democracia, com os direitos individuais", disse Serra. "Tem a ver com o estilo e as características de atuação do PT, que é um partido que convive com a democracia, mas não convive bem, convive com desconforto. Porque, no fundo da alma e às vezes até na superfície, os petistas não são democratas."
O tucano também queixou-se de Lula. "O presidente Lula fez deboche de uma questão bastante séria", disse Serra. Lula, na semana passada, havia dito que tinha coisas mais importantes para fazer do que ouvir as "dores de cotovelo" do tucano.
Sobre a investigação interna da Receita, Serra a classificou de "operação abafa". "Eles [a Receita] têm procurado desde o começo atrapalhar a elucidação do que estava acontecendo", disse o candidato.
Reação
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negou que o governo esteja dificultando as investigações. "Não tem e nunca teve operação abafa. O governo é o mais interessado em saber quem violou", disse Padilha.
O ministro afirmou ainda que o presidente Lula determinou à Polícia Federal que investigue o caso de forma prioritária e que pediu que a Corregedoria da Receita acelere a apuração.
Segundo Padilha, é preciso ainda evitar que a oposição use o caso como palanque eleitoral. "A oposição tenta transformar algo que aconteceu em setembro do ano passado, quando o PSDB nem tinha definição de seu candidato à Presidência, em palanque eleitoral", disse ele. Para o ministro, os dados das investigações mostram que as ações ilegais dentro da Receita não tiveram objetivo político.
Já a atitude do presidente do PT, José Eduardo Dutra, contradisse o próprio ministro. Na tentativa de desviar o foco do PT, ele recorreu à PF para pedir a apuração de um suposto interesse de tucanos mineiros na origem do vazamento de dados e na elaboração de dossiê para atingir Serra o que teria ocorrido enquanto o ex-governador de Minas Aécio Neves concorria com o colega tucano à indicação do PSDB para disputar a Presidência.
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