“É preciso manter reserva estratégica para uma eventual mutação do vírus da gripe.” José Gomes Temporão, ministro da Saúde| Foto: Renato Araújo/ABr

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou ontem que a compra do Tamiflu em 2009, durante a pandemia de gripe suína, foi feita com base em projeções do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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A explicação foi dada em função de matéria publicada na edição desta semana da revista Veja que aponta o advogado Vinícius de Oliveira Castro, ex-funcionário da Casa Civil, como beneficiário de uma propina de R$ 200 mil, numa operação de compra, pelo governo, do remédio contra a gripe suína. Castro foi demitido na segunda-feira após a revelação de que ele e um filho de Erenice, Israel Guerra, eram sócios da Capital Assesso­ria, empresa de lobby que operaria no governo federal.

Temporão já havia descartado qualquer participação de integrantes da Casa Civil nas negociações para aquisição do medicamento. "Os recursos partiram do Ministério da Saúde. Foi uma decisão da pasta, adotada de acordo com critérios técnicos. Apenas participaram da transação integrantes do ministério e representantes do laboratório.". De acordo com o ministro, não foi um quantitativo aleatório. "Na época, análises realizadas recomendavam que países tivessem em estoque o suficiente para atender 10% da população", disse. O porcentual, completou, teria sido calculado com base em análises de comportamentos de outras pandemias.

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Quando os primeiros casos de gripe suína foram registrados no mundo, o Brasil possuía em estoque 9 milhões de tratamentos de Tamiflu. O estoque havia sido formado em 2006, para ser usado diante de uma eventual pandemia de gripe aviária. Durante 2009, no entanto, o governo comprou mais 14,5 milhões de tratamentos – parte em matéria-prima e outra parte em remédio já pronto para uso.Especialista de compra ouvido pela reportagem considerou estranha a estratégia adotada pelo governo de preferir comprar mais medicamentos – num período de grande demanda e, consequentemente, de preços elevados – em vez de usar pelo menos parte do estoque existente. "Seria uma irresponsabilidade usar os estoques. É preciso manter reserva estratégica para uma eventual mutação do vírus da gripe", rebateu Temporão.