Veja as denúncias que afastaram a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra| Foto:

Sindicância

Comissão lacra computadores da Casa Civil

Agência Estado

A primeira providência da comissão de sindicância instalada pelo Palácio do Planalto com a missão de investigar denúncias de tráfico de influência na Casa Civil foi lacrar computadores, entre eles o usado por Vinícius Castro, ex-assessor da ex-ministra Erenice Guerra. Os aparelhos estão isolados numa sala, à disposição da comissão e, se for o caso, da Polícia Federal. A análise de contratos passíveis de influência do filho de Erenice Guerra estão entre os documentos a ser examinados.

Auxiliares próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva temem o "tamanho da teia" que pode ter sido armada na Casa Civil. Lula decidiu nomear Carlos Eduardo Esteves Lima, funcionário de carreira que serviu a outros governos, para responder temporariamente pela Casa Civil. A princípio, Lula pensava em deixar Lima como interino até as eleições e decidir sobre o posto com o futuro presidente. Ele, porém, está reavaliando a ideia diante da quantidade de envolvidos nas denúncias.

Prova da preocupação com os estragos das denúncias foi a presença no Planalto, na sexta-feira, de Giles Azevedo, o mais fiel escudeiro de Dilma Rousseff quando ela era ministra na Casa Civil. Discreto, Giles se reuniu com Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, com quem conversou sobre os escândalos.

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Nove dias de um intenso bombardeio de denúncias envolvendo lobbies na Casa Civil já tiveram como saldo três demissões no governo federal. Depois da ministra-chefe da pasta, Erenice Guerra; e de Vinícius Castro, funcionário apontado como sócio do filho de Erenice num esquema de favorecimento; foi a vez do diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva, deixar o cargo. Ele é suspeito de defender interesses da empresa de transporte de carga Master Top Linhas Aéreas (MTA) na estatal.

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"Assim que eu receber a carta [de demissão], vou levá-la a quem de direito", disse o presidente dos Correios, David José Matos, referindo-se ao ministro das Comunicações, José Artur Filardi. O próprio coronel confirmou, depois da reportagem publicada ontem pelo jornal O Estado de S.Paulo, a decisão de deixar a diretoria. A partir de terça-feira, acrescentou, voltará a ser consultor de empresas aéreas, mercado em que atua há 15 anos.

De acordo com a reportagem, o coronel seria testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey, verdadeiro dono da MTA. A empresa também se beneficiava do tráfico de influência feito em seu favor por Israel Guerra, filho da ex-ministra da Casa Civil. Quando a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu a licença de voo da MTA, foi Israel quem conseguiu, numa suposta operação que juntou tráfico de influência e cobrança de propina – como revelou a revista Veja da semana passada – a certificação da transportadora. O filho da ministra também teria indicado Vinícius Castro para o cargo de assessor da Casa Civil. Castro atuou ao lado de Israel na Anac e, segundo as denúncias, teria ajudado a fazer o tráfico de influência no governo.

Ex-coronel da Aeronáutica, Eduardo Rodrigues Silva faria parte de um grupo de executivos e advogados que tem uma rede de empresas de fachada espalhadas por Uruguai, Estados Unidos e Brasil. Documentos do Banco Central mostrariam que o grupo trabalha para fazer da MTA o embrião da empresa de logística e carga aérea que o governo Lula promete criar após as eleições, um negócio de cerca de R$ 400 milhões.

Ainda conforme os documentos, o coronel se envolveu no esquema para viabilizar a MTA no Brasil, com recursos externos e driblar a legislação que limita a participação de capital estrangeiro, em no máximo 20%, em uma empresa aérea. O esquema teria diso montado em 2005. A rede, com pelo menos seis empresas de fachada, tem sede em apenas dois endereços: em Campinas e em Montevidéu, no Uruguai. Em outra ponta, sustentariam o esquema empresas com sede nos EUA, ligadas ao argentino Alfonso Conrado Rey.