Sem avançar nas pesquisas de intenção de voto, a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, concentra seus esforços eleitorais em São Paulo. Com a modesta infraestrutura de campanha centralizada na capital paulista (estúdio de gravação e assessoria de comunicação), os coordenadores do PV reforçam a agenda com eventos públicos no Estado de São Paulo para garantir a presença maciça da imprensa. Enquanto ganha "visibilidade", Marina decidiu colocar seu vice, o empresário Guilherme Leal, para cumprir uma agenda paralela e fazer a mensagem do partido chegar aonde ela não pode estar.
Oficialmente, a campanha nega dificuldades financeiras para levar Marina aos "quatro cantos" do país. "Nossa agenda tem ordem de prioridades, e uma delas é concentrar na imprensa. Precisamos torná-la conhecida, tem muita gente que ainda não conhece a Marina", explica Marco Antonio Mroz, um dos coordenadores da campanha.
De 6 de julho (início oficial da campanha) até esta terça, Marina passou por Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e até Nova York, mas ainda não visitou, por exemplo, o Acre - sua terra natal, onde perde em intenção de voto para o candidato tucano José Serra. Em quase um mês e meio de campanha nas ruas, Marina tem passado a maior parte do tempo em São Paulo.
Com 45 dias de campanha pela frente, Mroz lembra que a agenda de compromissos é extensa e que parte dela não será cumprida por falta de tempo. Entre os lugares em que a candidata busca espaço na agenda para visitar no interior do Estado estão Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e região do Vale do Paraíba. Numa segunda etapa, a campanha buscará aumentar a atuação na região Sul do País e Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo.
Na avaliação da cúpula de campanha de Marina, é importante garantir espaço à candidata onde os grandes veículos de comunicação estão instalados, uma vez que o tempo de propaganda eleitoral do PV se resume a 1 minuto e 23 segundos. Assim, não valeria a pena levar a candidata às regiões mais distantes. "Aqui (em São Paulo) está todo mundo. Lá (no norte do País) o grau de cobertura é menor", avaliou Mroz.
Sem dar conta dos compromissos, a coordenação passou a fazer uma agenda em separado para Leal. O objetivo, segundo os coordenadores, é abrir espaço no meio empresarial, onde Guilherme - um dos donos da empresa de cosméticos Natura - tem bom trânsito e fazê-lo representar Marina nos eventos em que propostas econômicas são discutidas. "A área do empreendedorismo é a mais fácil para ele entrar", justificou Luciano Zica, da coordenação de campanha.
Antes, Leal costumava acompanhar Marina em todos os eventos de campanha e cumpria compromissos extraoficiais. Desde ontem, Leal passou a ganhar agenda própria da assessoria de comunicação. "Não dá para cumprir nem 10% da demanda, então tem de dividir", justificou Mroz.
No primeiro dia de campanha solo, Leal se encontrou com empresários da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Nesta manhã, enquanto a candidata visitava uma ocupação irregular em área de manancial na Grande São Paulo, Leal participava do debate dos vices promovido pelo Grupo Estado. "Ele é um 'bombril': faz tudo. Assumiu a campanha mesmo", elogiou Mroz.
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