O governador Beto Richa (PSDB), reeleito em primeiro turno com 55,67% dos votos válidos, afirmou que só irá considerar sua vitória completa se conseguir eleger Aécio Neves (PSDB) para a Presidência da República. Richa afirmou que pode continuar licenciado do governo do Paraná para trabalhar na campanha do senador mineiro. "Vou entrar de cabeça para eleger Aécio Neves presidente", disse. Em entrevista à Gazeta do Povo, o governador reeleito falou sobre as prioridades e mudanças para a próxima gestão. De acordo com Richa, as mudanças serão mínimas. "Estou satisfeito com os resultados que temos em todas as áreas da administração, mas sou exigente."
O senhor esperava vencer a eleição no primeiro turno? A grande coligação ajudou na expressividade de sua votação?
Nós tivemos uma campanha limpa, transparente e propositiva, e o eleitor está cada vez mais consciente não se deixa levar por falsas promessas, números fantasiosos, não gosta de campanhas agressivas. O tempo todo os adversários perderam tempo com ataques. Nós fizemos uma campanha mostrando as soluções e as propostas para o segundo mandato. Foi aí que nós conseguimos crescer.
No domingo, o senhor mencionou que ocorreram alguns erros durante a gestão nestes quatro primeiros anos. Quais foram esses erros e o que poderia ser diferente na próxima gestão?
Não há nenhum erro específico. Ninguém acerta 100% o tempo todo e o importante é ter humildade de reconhecer erros e corrigir alguma rota. Impossível alguém não errar, só não erra quem não faz. Nós tivemos ânsia de fazer tudo o mais rápido possível e algumas rotas tiveram que ser corrigidas. Por outro lado, sou um governante acessível e gosto de ouvir as pessoas. Visitei os 399 municípios, conversando com os paranaenses, recebi muitas instituições, entidades que representam segmentos da sociedade.
Quais serão as principais medidas a partir de agora para controlar os gastos no estado? Será necessário um corte de gastos para desenvolver os planos e as mudanças que o Executivo ainda não conseguiu realizar?
Vamos continuar com os ajustes que estamos fazendo desde o primeiro ano de mandato. Ajustes que aconteceram sistematicamente. Determinei aos meus secretários a diminuição de gastos de custeio de pelo menos 15%. Chegamos a 19%. Agora a mesma austeridade, que foi a marca desta primeira gestão, vai permanecer no segundo mandato. Vamos enxugar ainda mais a máquina, eliminando algumas estruturas de governo e fundindo com outras para termos, além da eficiência necessária, menos gastos. Temos visto que, por conta da diminuição da atividade econômica em todo o país, há queda das receitas públicas. Então temos que estar preparados para este momento que se apresenta, de recessão, desemprego, desindustrialização do Brasil. No Paraná, embora não sejamos uma ilha dentro do Brasil, temos conseguido conter essa situação com políticas públicas e um novo estilo de governo.
O senhor pensa em uma candidatura ao Senado em 2018?
Acabei de ser reeleito, nem assumi ainda o segundo mandato. Quem me conhece sabe que sou diferente de outros políticos, que, passa uma eleição, já estão pensando na outra. Me preocupo em cumprir bem o meu mandato, com um bom desempenho para as pessoas que confiaram em mim e responder as suas expectativas. Chega um momento na vida da gente em que não existe candidatura de si próprio. Quem pensa assim está fadado ao insucesso. Tudo depende de uma conjuntura se você cumpriu bem o seu mandato, acaba sendo convocado para outros.
Quais serão as mudanças no seu secretariado para a segunda gestão?
A mudança é mínima. Temos atribuições sobrepostas que podem ser redesenhadas para garantir a eficiência com menos gastos, mas as mudanças não serão expressivas. Estou satisfeito com os resultados que temos em todas as áreas da administração, mas sou exigente. Eu cobro, busco números melhores e, na busca desta sintonia fina, serão pouquíssimas mudanças.
A bancada eleita para a Assembleia Legislativa foi composta de uma forma bastante favorável ao seu governo. Como será a relação com o Legislativo?
Eu ainda não vi os nomes dos deputados nem os partidos. Sei que o PSC teve um extraordinário desempenho puxado pelo líder maior do partido, Ratinho Júnior. Me informaram que realmente os partidos aliados aumentaram suas bancadas e que a oposição reduziu bastante. Mas, independentemente disso, sempre tive uma boa relação com os deputados de oposição, sempre tive muito respeito por todos. Eles são fundamentais para o desenvolvimento da nossa democracia.
O senhor tem preferência por algum nome para a presidência da Assembleia?
Não tenho. Lógico, não quero ser hipócrita e dizer que não quero que seja eleito um deputado de um partido aliado. Mas eles que se entendam por lá.
O senhor vai continuar licenciado para trabalhar pela campanha de Aécio Neves?
Se for necessário. Na minha campanha, vocês viram, consegui conciliar. Foi um trabalho intenso e somente na última semana, até por desencargo de consciência, que eu resolvi me licenciar para dar uma dedicação mais intensa na reta final. Se for preciso, vou me licenciar sim para entrar de cabeça na campanha de Aécio Neves porque considero ser muito importante para o país ter um presidente com as suas qualidades e virtudes. Ele é um gestor público já testado e aprovado, um homem sério e um político ético, tudo o que o Brasil precisa neste momento. Foi o candidato à Presidência que mais esteve visitando o Paraná e sempre assumindo um compromisso com os paranaenses, de se reconciliar com o estado e pagar uma dívida que o governo federal tem conosco. Vou considerar minha vitória completa com a eleição de Aécio Neves.
Aécio volta ao Paraná no segundo turno?
Com certeza, mas ainda não há data definida. Ontem [no domingo] falei com ele por telefone, pediu que transmitisse a sua gratidão pela expressiva votação no estado.
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