O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou nesta sexta-feira, 17, após encontro que selou oficialmente a união com a ex-senadora Marina Silva (PSB) neste segundo turno, que derrotar o PT da adversária Dilma Rousseff, no próximo dia 26 de outubro nas urnas, é uma empreitada semelhante a que seu avô, o falecido presidente Tancredo Neves, fez há 30 anos, ao construir uma aliança democrática para acabar com a ditadura militar no Brasil.
"Eu participei como um espectador privilegiado ao lado do meu avô (Tancredo) da construção da aliança democrática que tinha um único objetivo, encerrar o ciclo autoritário no Brasil, acabar com a ditadura. Hoje temos um outro desafio, que não é menor do que aquele, que é encerrar este ciclo de governo que aí está e que perdeu as condições de governar o Brasil pelo fracasso na economia e no descompromisso com a ética."
Em rápida entrevista coletiva concedida após o pronunciamento conjunto com Marina, o tucano falou também das forças políticas que conseguiu reunir neste segundo turno. Na comparação com a trajetória política de Tancredo Neves, Aécio disse que as forças que se uniram em torno do ex-presidente também atuavam em campos distintos do ponto de vista doutrinário, mas tinham um objetivo comum, que era acabar com a ditadura. "Esta aliança foi vitoriosa", disse, lembrando que seu avô morreu antes de assumir efetivamente o comando do País, mas os frutos dessa aliança perduram até hoje, como a democracia plena. Para ele, a aliança com Marina Silva tem esse simbolismo, pois representa a nova política e a libertação do jugo do governo petista.
"Ampliamos nossa aliança em torno de um projeto para o Brasil e a forma como Marina participa deste projeto é o que mais dignifica a política brasileira", disse, reiterando que não falaram sobre uma participação dela em um eventual governo do PSDB e que seria desrespeito falar disso. E continuou: "Estou extremamente agradecido à generosidade de Marina que não fez qualquer tipo de exigência, apenas propôs aprofundamento de questões que já tratávamos em nosso programa de governo. Marina traz um simbolismo muito grande, e eu vejo através do beijo e do abraço carinhoso que recebi dela, o abraço e o beijo de milhões de brasileiros que querem mudar este País, são esses brasileiros que represento a partir de agora."
Vale Tudo
Aécio também comentou sobre o clima belicoso, de vale-tudo, segundo analistas políticos, que está tomando conta dos debates presidenciais neste segundo turno. "Concordo com todos os analistas e lamento profundamente este clima de vale tudo", disse, afirmando que propôs que os debates fossem feitos em torno de temas programáticos. "Mas a estratégia dela (Dilma) ou do seu marqueteiro não foi essa, pretendo continuar apresentando propostas, mas estejam certos que reagirei a todas as ofensas, calúnias e mentiras que transformaram essa eleição na pior, do ponto de vista ético, dos últimos tempos", emendou.
O presidenciável tucano voltou a dizer que essa estratégia é fruto do desespero de seus adversários. "O desespero dos nossos adversários está levando com que eles percam a noção, a sensatez de uma disputa que deveria ser programática. Política não é uma guerra, não pode ser este vale tudo, não pode continuar neste caminho de querer destruir reputações para ganhar eleição, ganhar pra quê?" E lembrou que a mesma estratégia foi usada no primeiro turno contra o falecido governador Eduardo Campos e contra Marina Silva. "Só que comigo não, eu vou enfrentar", frisou.
No final da rápida entrevista, Aécio voltou a fazer novamente o que classificou de "convocação" à adversária Dilma Rousseff. "Faço convocação à Dilma para um debate programático. Ninguém destrói alguém e vence (uma eleição), como disse Marina, é preciso vencer as eleições vencendo." No pronunciamento em que selaram oficialmente a união neste segundo turno, Marina disse que "não vale tudo para ganhar uma eleição."
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