Com a perspectiva de que Marina Silva (PSB), terceira colocada no primeiro turno eleitoral, declare seu apoio a Aécio Neves (PSDB) na corrida do segundo turno ao Planalto, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou nesta terça-feira (7) que, a quem quer que Marina declare apoio, ela irá perder "substância política".
Sua fala é uma indicação de que Marina deveria permanecer neutra na disputa para não derrubar o seu discurso em defesa de uma terceira via na política brasileira. "Ela vai pensar no que é melhor para ela. Acho que aderir a um dos campos - seja nós, seja o Aécio - ela vai perder um pouco de substância política", disse.
Marina já sinalizou que irá apoiar Aécio no segundo turno. Ela agora negocia com o tucano a inclusão de alguns pontos que ela defende para um novo governo. Marina deve anunciar sua posição na quinta-feira (9).
Rui Falcão está em Brasília para participar de uma grande reunião com a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, com 38 governadores e senadores da base aliada eleitos no primeiro turno, os presidentes dos partidos do conselho político da campanha, candidatos ao governo em Estados que ainda terão segundo turno e ministros envolvidos diretamente com a campanha petista.
Questionado sobre o péssimo desempenho do PT em São Paulo, Falcão afirmou que o partido se reunirá na próxima quinta-feira (9) para discutir internamente o que aconteceu e o quais estratégias serão adotadas para fortalecer a candidatura de Dilma no segundo turno. O ex-presidente Lula comandará o encontro. "Vamos ter uma plenária grande na quinta-feira para mobilizar todas as lideranças no Estado para fazer uma análise do que ocorreu no primeiro turno, retificar caminhos quando necessário e botar a campanha na rua para ter um resultado diferente no segundo turno", disse.
O presidente do PT acusou o governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, reeleito em primeiro turno, de ter tido uma "grande proteção" feita por "parte da mídia monopolizada no Estado" e pela Assembleia Legislativa, que não permitiu a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para averiguar as denúncias de cartel no metrô de São Paulo. "Nós fizemos uma candidatura que deu o sangue, que se desdobrou bastante para obter uma boa votação mas havia uma proteção muito grande ao governador, que enfrenta uma crise séria de abastecimento de água, o problema da segurança pública é clamoroso, com o aumento do índice de homicídios, a saúde e a educação não funcionam bem", afirmou.
Apesar de nos bastidores o próprio partido ter se mostrado insatisfeito com o trabalho desenvolvido pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, responsável pela coordenação da campanha de Dilma em São Paulo, Falcão fez questão de dizer "não há nenhuma crítica nossa à condução do Marinho na coordenação da campanha".
No entanto, o ex-ministro Alexandre Padilha (Saúde), que perdeu a corrida pelo governo paulista, será incorporado à coordenação de campanha de Dilma em São Paulo, ao lado do presidente do PT paulista, Emidio de Souza. Eles auxiliarão Marinho na campanha.
Em São Paulo, Aécio teve mais votos do que Dilma em 565 das 645 cidades (88%). Em 2010, o então candidato do PSDB, José Serra, que é de São Paulo, venceu a petista em 411 cidades.
CAMPANHAFalcão negou ainda que a campanha petista tenha centrado suas forças em ataques a Marina Silva para desconstruir a sua candidatura. Ele afirmou que a campanha foi crítica mas não foram feitos ataques pessoais. "Nós achamos que fizemos uma campanha bastante crítica, sem agressão pessoal a ninguém. Houve críticas aos programas. A gente vai manter essa linha de comparações, sem ataques pessoal a ninguém, fazendo um debate no plano das ideias e dos programas", disse.
O petista disse que, no segundo turno, o PT irá manter a mesma linha de discussão contra as propostas apresentadas por Aécio."Vamos manter nossa linha de propostas e vamos fazer críticas quando for necessário. Agora é um debate de projetos. O nosso defende inclusão social, soberania do país. O outro projeto que apostou muito em uma democracia para poucos, em um projeto que elevou a taxa de juros a 45% e que manteve uma inserção subordinada do Brasil no exterior, se submetendo ao FMI, quebrando o país três vezes", afirmou.
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