Assim como na Câmara Federal, a Assembleia Legislativa do Paraná será a mais fragmentada partidariamente desde as eleições de 1994. Dos 14 partidos que elegeram deputados em 2010, que já era o maior número de siglas nas últimas décadas, o Legislativo estadual saltará para 17 legendas. Sete bancadas da Assembleia terão apenas um deputado e três delas, dois. A formatação das coligações colaborou para esse cenário. Maior fenômeno das eleições, o PSC terá de lutar politicamente para não ser apenas um "partido de verão", como outros já foram no passado.
INFOGRÁFICO: Confira como ficará cada bancada na próxima legislatura
O número de legendas com representação na Assembleia praticamente dobrou em 20 anos. Em 1994, os paranaenses elegeram candidatos de nove partidos. Em 2014, são 17, incluindo duas legendas "estreantes" na Casa: o PPL e o SD. Três grandes forças da atual legislatura, PMDB, PSDB e PT perderam espaço na última eleição. Já o PSC saltou de dois para 12 deputados e se tornou a maior bancada da Assembleia.
Três grandes
Dos três grandes, quem mais perdeu foi o PT. Com apenas três deputados, o partido caiu da terceira para a sexta posição no ranking. Foi seu pior desempenho na história. Até a eleição de 2014, o mínimo de eleitos do partido, que chegou a colocar nove deputados na Casa e ser a maior bancada em 2002, foi quatro. O PMDB e o PSDB também perderam bastante, mas ainda estão entre as maiores bancadas da Assembleia.
Para o cientista político da UFPR Emerson Cervi, as regras eleitorais facilitam a pulverização das legendas. A lei permite que vários partidos se unam dentro da mesma coligação. Assim, um candidato de um partido pequeno, sem votos para atingir o coeficiente eleitoral, pode ingressar em um "chapão" e se eleger. Dos 10 partidos com dois parlamentares ou menos, sete foram "sócios minoritários" em chapões ou chapinhas PPS, SD e PTB saíram sozinhos.
Segundo Cervi, essa permissão pode vir a ser um problema, já que não há restrições para que os partidos sigam juntos depois das eleições. Um exemplo é a aliança entre PT e PDT. Quem votou em um desses partidos, colaborou para que o deputado do outro fosse eleito. Entretanto, é praticamente certo que o PT será um partido de oposição e que o PDT será de situação exatamente o que ocorreu no primeiro mandato do governador Beto Richa (PSDB).
Partidos de verão
Se a pulverização dos partidos é uma tendência mais recente, os "super saltos" nas bancadas, como o fenômeno PSC, não chegam a ser uma novidade. Em 1998, o PTB cresceu de seis para 11 deputados. Em 2006, o PMDB pulou de oito para 17. As votações seguintes, entretanto, separaram os "partidos de verão" de partidos que podem ser forças perenes na Assembleia. Em 2002, o PTB fez apenas três cadeiras. Em 2010, o PMDB manteve 13.
Para Cervi, esses grandes saltos refletem fenômenos esporádicos da política no caso do PSC, a votação recorde de Ratinho Jr. (PSC). Para manter a bancada, o partido tem de ter uma estrutura que se sustente sem a necessidade desse fenômeno. Na opinião de Cervi, o PSC dá sinais de que vai fazer isso. "Há uma dependência dos votos do Ratinho, mas há também um planejamento a médio prazo, visto já nas eleições de 2012. Se o Ratinho não for candidato, o PSC pode até perder bancada, mas não deve voltar aos níveis anteriores", diz.
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