O plenário da Assembleia será ocupado por 54 parlamentares de 17 partidos. Em 2010, foram eleitos deputados de 14 legendas| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Assim como na Câmara Federal, a Assembleia Legislativa do Paraná será a mais fragmentada partidariamente desde as eleições de 1994. Dos 14 partidos que elegeram deputados em 2010, que já era o maior número de siglas nas últimas décadas, o Legislativo estadual saltará para 17 legendas. Sete bancadas da Assembleia terão apenas um deputado e três delas, dois. A formatação das coligações colaborou para esse cenário. Maior fenômeno das eleições, o PSC terá de lutar politicamente para não ser apenas um "partido de verão", como outros já foram no passado.

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INFOGRÁFICO: Confira como ficará cada bancada na próxima legislatura

O número de legendas com representação na Assem­bleia praticamente dobrou em 20 anos. Em 1994, os paranaenses elegeram candidatos de nove partidos. Em 2014, são 17, incluindo duas legendas "estreantes" na Casa: o PPL e o SD. Três grandes forças da atual legislatura, PMDB, PSDB e PT perderam espaço na última eleição. Já o PSC saltou de dois para 12 deputados e se tornou a maior bancada da Assembleia.

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Três grandes

Dos três grandes, quem mais perdeu foi o PT. Com apenas três deputados, o partido caiu da terceira para a sexta posição no ranking. Foi seu pior desempenho na história. Até a eleição de 2014, o mínimo de eleitos do partido, que chegou a colocar nove deputados na Casa e ser a maior bancada em 2002, foi quatro. O PMDB e o PSDB também perderam bastante, mas ainda estão entre as maiores bancadas da Assembleia.

Para o cientista político da UFPR Emerson Cervi, as regras eleitorais facilitam a pulverização das legendas. A lei permite que vários partidos se unam dentro da mesma coligação. Assim, um candidato de um partido pequeno, sem votos para atingir o coeficiente eleitoral, pode ingressar em um "chapão" e se eleger. Dos 10 partidos com dois parlamentares ou menos, sete foram "sócios minoritários" em chapões ou chapinhas – PPS, SD e PTB saíram sozinhos.

Segundo Cervi, essa permissão pode vir a ser um problema, já que não há restrições para que os partidos sigam juntos depois das eleições. Um exemplo é a aliança entre PT e PDT. Quem votou em um desses partidos, colaborou para que o deputado do outro fosse eleito. Entretanto, é praticamente certo que o PT será um partido de oposição e que o PDT será de situação – exatamente o que ocorreu no primeiro mandato do governador Beto Richa (PSDB).

Partidos de verão

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Se a pulverização dos partidos é uma tendência mais recente, os "super saltos" nas bancadas, como o fenômeno PSC, não chegam a ser uma novidade. Em 1998, o PTB cresceu de seis para 11 deputados. Em 2006, o PMDB pulou de oito para 17. As votações seguintes, entretanto, separaram os "partidos de verão" de partidos que podem ser forças perenes na Assembleia. Em 2002, o PTB fez apenas três cadeiras. Em 2010, o PMDB manteve 13.

Para Cervi, esses grandes saltos refletem fenômenos esporádicos da política – no caso do PSC, a votação recorde de Ratinho Jr. (PSC). Para manter a bancada, o partido tem de ter uma estrutura que se sustente sem a necessidade desse fenômeno. Na opinião de Cervi, o PSC dá sinais de que vai fazer isso. "Há uma dependência dos votos do Ratinho, mas há também um planejamento a médio prazo, visto já nas eleições de 2012. Se o Ratinho não for candidato, o PSC pode até perder bancada, mas não deve voltar aos níveis anteriores", diz.

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