Serraglio: preocupação do setor| Foto: Bancada do agronegócio se recompõe

Análise

Diap acredita em ala ruralista ainda mais forte no Congresso

Paulo Galvez da Silva, especial para a Gazeta do Povo

Levantamento preliminar do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta que a bancada ruralista na Câmara Federal e no Senado para a legislatura que se inicia em 2015 se manterá pelo menos nos mesmos níveis da atual. Prova da força do segmento, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado gaúcho Luis Carlos Heinze (PP), por exemplo, foi o mais votado do Rio Grande do Sul, com mais de 160 mil votos – exercerá o quinto mandato consecutivo.

Apesar de apenas 68 dos 140 deputados identificados com o segmento terem sido reeleitos, parlamentares novatos que saíram vencedores no último domingo devem se juntar à causa. "A bancada ruralista não será, com certeza, menor, e certamente será maior que a atual", prevê Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Diap.

O Senado, que tem 18 integrantes na bancada na atual legislatura, também ganhou reforço de peso: Ronaldo Caiado (DEM-GO), atual deputado federal, reforça o time de senadores ruralistas a partir do ano que vem. Ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu (PMDB/TO), uma das principais vozes dos ruralistas no Senado, se reelegeu para mais oito anos.

Num primeiro momento, para identificar deputados e senadores ligados ao setor, o Diap analisa os dados apresentados pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Se é proprietário de terras ou financiado por pessoas ou empresas do segmento, o candidato eleito é inicialmente classificado como ruralista. Numa segunda etapa, é analisada a própria atuação do parlamentar.

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Um dos alicerces da economia paranaense, o agronegócio estadual irá perder espaço na Câmara Federal a partir de 2015. Nomes fortes que representam o segmento em Brasília não conseguiram a reeleição ou nem tentaram renovar a permanência. O cenário futuro preocupa as entidades ligadas à agricultura e à pecuária, a ponto de elas organizarem uma mobilização para reverter o quadro.

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Talvez o nome mais influente do agronegócio estadual, Reinhold Stephanes (PSD) não conseguiu a reeleição. Apesar dos mais de 78 mil votos, o experiente parlamentar que já foi ministro da Agricultura e secretário da Agricultura do Paraná, ficou como suplente da coligação. Também representantes do setor, Abelardo Lupion (DEM) e Eduardo Sciarra (PSD) nem mesmo tentaram renovar o mandato. Moacir Micheletto (PMDB), também defensor dos interesses de grandes agricultores no Congresso, morreu em 2012 em um acidente de carro na rodovia PR-239, entre Toledo e Assis Chateaubriand, no Oeste do Paraná.

"Tínhamos uma realidade excelente, porque os parlamentares eram muito focados no agronegócio. A bancada sempre foi muito ativa, até porque o setor é importante para economia do estado", ressalta José Roberto Ricken, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Sistema Ocepar).

Diante do possível quadro adverso, a própria Ocepar, antes mesmo das eleições, iniciou um esforço para recompor as eventuais perdas. A entidade apoiou 30 candidatos a deputado federal que compactuaram com as propostas do cooperativismo. Deste grupo, 21 foram eleitos.

"O novo grupo é mais diversificado, o que atende uma gama maior de interesses", aponta Ricken. "Se não estivermos no dia a dia para ficar atentos aos projetos, o setor não alcança o que deseja e pode ser prejudicado", acrescenta.

Atual presidente da Fren­­te Parlamentar do Coo­­pe­­ra­­ti­­vismo (Frencoop), o deputa­­do federal Osmar Serraglio (PMDB), que conseguiu a reeleição, acredita que as posições abertas serão ocupadas naturalmente. O próprio parlamentar está se encarregando de identificar possíveis nomes entre os eleitos pela Paraná. Atualmente, a Frencoop conta com 233 deputados federais e 30 senadores. "Fragiliza no primeiro momento, mas tenho convicção de que as pessoas serão substituídas à atura. Continuaremos com uma forte atuação no Congresso", afirma Serraglio.

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Antes mesmo do início da nova legislatura, alguns nomes se candidatam para representar o setor. Um deles é Sérgio Souza (PMDB), que irá exercer seu primeiro mandato como deputado federal – ele havia substituído Gleisi Hoffmann (PT) no Senado entre 2011 e 2014. Souza, inclusive, afirma que a agricultura será uma das suas bandeiras. "Minha meta é ajudar na redução do custo de produção, por meio de investimentos nos modais de transporte e redução da carga tributária", diz.

Veja o resultado da apuração dos votos de todos os candidatos a deputado estadual no Paraná

Veja o resultado da apuração dos votos de todos os candidatos a deputado federal no Paraná

Além do apoio, o agronegócio se organiza para assessorar os parlamentares na ho­­­­ra de desenvolver projetos. Por meio da Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB), uma equipe técnica especializada está à disposição em Brasília. Procurada pela reportagem, a Federação da Agricultura do Paraná (Faep) preferiu não comentar o assunto.