O processo eleitoral brasileiro para escolha do presidente da República começou antes para os eleitores brasileiros que residem no exterior. Os primeiros a oficializarem o voto foram aqueles que moram na Nova Zelândia, onde a votação iniciou às 8 horas, correspondente às 17 horas de ontem pelo horário de Brasília. Em seguida, os eleitores residentes na Austrália, Japão e Coreia do Sul foram às urnas. Os últimos a votar, a partir das 12 horas de domingo (5), são os que vivem em São Francisco e Los Angeles, nos Estados Unidos, e em Vancouver, no Canadá.De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), há eleitores brasileiros domiciliados em 135 cidades de 89 países. A expectativa é de que 354.184 mil brasileiros participem da escolha para o novo presidente da República, o que representa um crescimento de 76,35% do eleitorado em relação às eleições de 2010, quando o total de eleitores foi de 200.392 mil pessoas.
Os Estados Unidos acolhem o maior número de eleitores do Brasil, 112 mil; em seguida vem o Japão, onde estão 30,6 mil brasileiros registrados para votar; Portugal, com 30,4 mil; Itália, com 20,9 mil; Alemanha, com 17,5 mil e Espanha, com cerca de 16 mil eleitores. Para atender a essa demanda, 916 urnas eletrônicas foram distribuídas em 916 seções.
Cidadania à distânciaOs curitibanos Marcelo e Laurita Heuer moram em Londres há cinco anos e decidiram votar pela primeira vez nessas eleições nas anteriores, justificaram. A decisão de transferir o domicílio eleitoral é reputada à consciência cidadã. "Em nossos corações continuamos sendo brasileiros e nos importamos com o futuro do país. Além disso, não sabemos se vamos morar para sempre na Inglaterra", explicou Marcelo.
Segundo ele, o grande diferencial entre a campanha eleitoral vivenciada no Brasil e a experimentada em Londres é a ausência de horário eleitoral. "Não temos a propaganda política para conhecer os candidatos, então buscamos informações sobre eles na internet, o que considero mais confiável. Também assistimos vídeos de debates e lemos matérias da Gazeta do Povo", contou.
Em Londres, Marcelo contou que havia fila de aproximadamente uma quadra de extensão em frente à Embaixada do Brasil, mas sem demora. Além disso, ele observou a limpeza das ruas, ao contrário do que se vê no Brasil.
União por um Brasil melhorHá 12 anos, Sandra Hoffmann deixou Curitiba para morar na cidade de Milwaukee, nos Estados Unidos. Há três, ela transferiu o título para poder participar das eleições para presidente do Brasil. Na cidade onde mora, não há seção eleitoral, mas isso não foi impedimento: Sandra encarou algumas horas de estrada até Chicago, onde pôde votar.
Para ter certeza sobre qual candidato escolher, procurou pelos debates entre os presidenciáveis e acessou jornais brasileiros online. "Não importa se moro longe, quero um país melhor pelo meu filho, que pode morar no Brasil um dia; pela minha família e amigos que ainda vivem aí. Me sinto mais patriota agora que moro fora e tenho orgulho em poder votar, pois posso ajudar a mudar o país mesmo de longe", justificou.
Mirelle Franca Wuolle é outra curitibana que rumou para o hemisfério norte. Desde 2000, ela vive nos Estados Unidos e, atualmente, em Los Angeles. A última vez que votou no Brasil foi em 1998. "Hoje, depois de 16 anos, mesmo morando fora, votei. Quando cheguei ao consulado senti um aperto no peito", disse.
Casada com um americano, Mirelle conta que o marido não entende porque o voto no Brasil é obrigatório e tampouco porque há um segundo turno se os cidadãos já declararam o voto uma vez. Mesmo assim, ela não abre mão do seu. "É cultural, claro. Mas eu votei como cidadã brasileira porque não posso fechar os olhos para a corrupção e acho que é hora de todos nos unirmos por um país melhor", declarou.
Eleições encerradasPela manhã, as votações já haviam sido encerradas em 15 países: Nova Zelândia, Austrália, Coreia do Sul, Japão, Timor Leste, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia, China, Taiwan, Índia, Emirados Árabes e Rússia.
ObrigatoriedadeO voto para presidente e vice-presidente é obrigatório para brasileiros residentes no exterior e maiores de 18 anos, sendo facultativo para maiores de 16 e menores de 18 anos e para idosos com idade superior a 70 anos. Para comparecer ao consulado ou embaixada de país estrangeiro para votar, é necessário ter feito a transferência de domicílio eleitoral.