Petista chama acusação de falsa e leviana
Por meio de nota, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) afirmou que os repasses para sua campanha em 2010 foram todos declarados à Justiça Eleitoral
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse na delação premiada ao Ministério Público Federal que o esquema de corrupção na empresa estatal repassou R$ 1 milhão para a campanha da ex-ministra paranaense Gleisi Hoffmann (PT) ao Senado nas eleições de 2010. Eleita senadora naquele ano, Gleisi licenciou-se para assumir o cargo de ministra-chefe da Casa Civil no início do governo da presidente Dilma Rousseff. Nas eleições deste ano, ela concorreu ao governo do Paraná e terminou a disputa em terceiro lugar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo a reportagem, o ex-diretor da Petrobras disse que recebeu um pedido do doleiro Alberto Youssef para "ajudar na candidatura" de Gleisi. Youssef é apontado como operador de um esquema que teria desviado recursos da Petrobras para partidos políticos. Pegos na Operação Lava Jato, deflagrada em março pela Polícia Federal (PF), os dois estão colaborando com as autoridades em troca da redução de pena.
No depoimento, Costa afirmou que o repasse de R$ 1 milhão para a campanha da senadora "se comprova" na inscrição que ele mesmo lançou em sua agenda pessoal, apreendida pela PF no dia 20 de março. Numa página do caderno do ex-diretor consta a seguinte anotação: "PB 0,1". Segundo o próprio delator, o registro significa "Paulo Bernardo, R$ 1 milhão". Figura de destaque no PT, Bernardo é marido de Gleisi e ocupa desde 2011 o cargo de ministro das Comunicações na gestão Dilma Rousseff. Em 2010, época do suposto repasse à campanha da esposa, ele era ministro do Planejamento do governo Lula.
Repasse
Os investigadores da Lava Jato tiveram a confirmação de que a quantia de R$ 1 milhão destinada à campanha de Gleisi foi entregue em espécie, em Curitiba, para "um emissário" da campanha da senadora. Em seu relato, o ex-diretor da Petrobras disse ainda que o dinheiro saiu de uma cota equivalente a 1% sobre o valor de contratos superfaturados da Petrobras. Esse valor era, segundo ele, da "propina do PP", partido da base aliada ao governo Dilma, que foi presidido pelo deputado paranaense José Janene, morto em 2010. Janene foi líder do PP na Câmara Federal e réu no processo do mensalão.
Durante os depoimentos da delação premiada, o ex-executivo da Petrobras revelou que PT e PMDB eram contemplados com parcelas de valores dos contratos de diretorias da estatal. O montante, segundo ele, chegava a até 3% dos contratos em alguns casos.
Já Youssef contou em seu depoimento à Justiça Federal que Costa, apesar de cuidar do 1% destinado ao PP na diretoria de Abastecimento, "muitas vezes tinha que atender a pedidos do PMDB e do PT".
Tucanos
Na semana passada, Costa já havia afirmado que o ex-presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE) − morto em março deste ano −, cobrou R$ 10 milhões em 2009 para neutralizar a CPI da Petrobras, instalada naquele ano para apurar irregularidades na companhia, incluindo as obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. Orçado inicialmente em R$ 2,5 bilhões, o empreendimento já consumiu R$ 20 bilhões, segundo o Ministério Público Federal.
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