O Congresso Nacional está discutindo uma ampla reforma no ensino médio brasileiro. Mas, independentemente de possíveis mudanças – algumas bastante polêmicas –, os especialistas dizem que os governadores têm ferramentas suficientes para melhorar essa etapa educacional, que é reconhecida como uma das mais fracas e ultrapassadas no sistema brasileiro. O principal ponto, dizem, é reformular a carreira docente.

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As mudanças mais controversas são a unificação de várias disciplinas em grandes áreas e a separação entre formação em conhecimento ou formação profissional. As propostas constam do Projeto de Lei n.º 6.840/13, em trâmite na Câmara dos Deputados, e são fruto do trabalho realizado ao longo de 17 meses por uma comissão especial.

"Há muitas disciplinas no ensino médio, mas fragmentar o conteúdo não resolve. Isso é até defendido por secretários de Educação, pois reduz custos, mas não resolve o problema", avalia Amone Inácia Alves, coordenadora do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio em Goiás. O ideal, diz ela, é a integralização do conteúdo, por meio do qual o aluno desenvolveria um projeto único a partir do conhecimento adquirido em várias disciplinas, com professores diferentes.

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Ex-secretário de Educação no Distrito Federal e ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), o engenheiro Antonio Ibañez Ruiz diz que outros estados podem se inspirar em experiências que já deram frutos. "Aqui no Distrito Federal já funciona há muito tempo o projeto de dedicação exclusiva do professor – ele recebe para trabalhar em uma única escola; e há também um plano efetivo de carreira, que leva em conta a formação e progressão, mas com aspectos que vão bem além do salário", diz. Para ele, todos os professores precisam ser beneficiados com carreiras como nas universidades, onde não ocorre evasão de profissionais.

O professor Remi Castioni, também da UnB, sugere a criação de uma "residência pedagógica". "Da mesma forma que ocorre na Medicina, também se pagaria uma bolsa para o pedagogo concluir sua formação atuando no dia a dia. O sistema poderia prever a formação continuada, com um mestrado profissional", exemplifica. Para ele, esse tipo de ação vincula o professor a um programa e o motiva a progredir. Enquanto a medida não é adotada em nível federal, as universidades estaduais poderiam implantar a residência pedagógica, sugere ele.