Após 1 mês de campanha, Beto diz não ter feito gastos eleitorais
A primeira parcial da prestação de contas que todos os candidatos são obrigados a apresentar à Justiça Eleitoral, divulgada ontem, revela que o governador Beto Richa (PSDB) afirma não ter recebido nenhuma doação e tampouco feito gastos eleitorais
A candidata ao Governo do Paraná Gleisi Hoffmann (PT) afirmou nesta quinta-feira (7) que vai entrar na Justiça para obrigar o candidato à reeleição, Beto Richa (PSDB), a apresentar suas receitas e despesas eleitorais de momento. Ele foi o único entre os grandes concorrentes ao cargo que informou à Justiça Eleitoral não ter recebido nenhuma doação nem ter feito gastos com a campanha até agora. O resultado da prestação de contas dos candidatos foi divulgada nesta quarta-feira. A campanha do tucano nega que haja irregularidades nas contas apresentadas.
Segundo informações da equipe da assessoria de campanha de Gleisi, a senadora também vai recorrer ao Ministério Público Eleitoral (MPE). A coligação alega que o fato de Richa não ter divulgado movimentação financeira neste primeiro mês de campanha contraria a legislação eleitoral, além de impedir o controle do eleitor.
INFOGRÁFICO: Veja os valores arrecadados e gastos por cada um dos candidatos
Mesmo com prestação de contas zerada, desde o início oficial da campanha o candidato à reeleição já montou sua equipe, lançou site e um espaço chamado de "Tenda Digital" para divulgar informações on-line.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a equipe responsável pela campanha de Beto Richa afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a primeira prestação parcial de contas realizada pelo candidato "segue todos os procedimentos exigidos pela legislação e é a exata expressão da situação contábil da campanha no período."
O posicionamento é semelhante ao repassado ontem pela equipe após a divulgação do resultado das prestações de contas. Na ocasião, a campanha de Richa informou que "foram obedecidas as regras de contabilidade para a campanha e que não houve pagamento de despesas". Segundo a coligação, os gastos gerados pelas atividades iniciais serão pagos no decorrer do processo eleitoral e declarados na próxima prestação de contas. Na primeira parcial da prestação de contas de 2010, quando se elegeu governador, Richa já havia recebido R$ 2 milhões em doações.
Contudo, as duas manifestações não coincidem com a menção do próprio governador a respeito do assunto. Questionado sobre a declaração de campanha, Richa disse não ter conhecimento deste fato. "Não sabia dessa informação, vou puxar a orelha do meu pessoal", disse. "Tenho que dar uma cutucada no pessoal para ir a campo, porque sem recurso não se faz campanha". O governador disse, ainda, que busca observar todas as exigências da lei eleitoral, mas que alguns deslizes ocorrem sem seu conhecimento.
Outros candidatos
Os dados da Justiça Eleitoral mostram que as maiores doações a Gleisi vieram do diretório nacional do PT. A nova legislação eleitoral, porém, obriga as candidaturas a indicar o doador original dos recursos repassados aos partidos. As duas maiores doações do PT a Gleisi, de R$ 950 mil cada, vieram da empreiteira CR Almeida e da empresa de alimentos Seara. Curiosamente, a CR Almeida é de propriedade da família do candidato ao Senado pelo PMDB, Marcelo Almeida. Com outras quatro doações de empresas e oito de pessoas físicas, Gleisi atingiu os R$ 2,6 milhões.
Já as maiores doações recebidas por Requião também vieram de empresas. A Distribuidora de Pneus Vila Velha doou mais da metade: R$ 200 mil. O segundo maior valor veio da Cattalini Terminais Marítimos, que doou R$ 75 mil. Em 2008, no governo Requião, a empresa foi beneficiada com a extinção de uma multa ambiental de R$ 50 milhões em troca da construção de um aquário marítimo em Paranaguá que custou, segundo reportagem publicada no site da própria empresa, R$ 6,5 milhões. À época, a legislação permitia o perdão de até 90% da multa. A empresa, posteriormente inocentada, havia sido considerada corresponsável por danos ambientais após a explosão de um navio que provocou o vazamento de metanol e óleo combustível na Baía de Paranaguá.
Ontem, Requião lançou um site para arrecadar doações de pessoas físicas. As opções variam de R$ 15 a R$ 250, mas é possível doar outros valores. No texto de apresentação da página o candidato lembra que teve um projeto aprovado no Senado proibindo doações de empresas (na verdade, ele foi o relator) porque, ao doar, "elas se tornam donas do mandato parlamentar". O candidato diz querer mostrar "que é possível fazer uma campanha com doação de pessoas físicas". Na prestação de contas eleitorais divulgada ontem, consta que Requião recebeu doações de três pessoas físicas. Assim como o peemedebista, Gleisi Hoffmann ontem também anunciou que irá lançar uma plataforma on-line para receber doações de pessoas físicas.
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