Grupos defendem comando
Os grupos políticos opostos que integram o PMDB do Paraná um a favor e outro contra a candidatura do senador Roberto Requião ao governo do estado defendem, cada um, o comando do partido no estado. Para o deputado federal Osmar Serraglio, eleito presidente da legenda no final de 2012 até a dissolução da diretoria na última sexta-feira, não há motivos que justifiquem as mudanças. "Não há como destituir alguém eleito em convenção", alega.
Já o novo presidente do PMDB do Paraná, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, argumenta que a antiga diretoria estava dificultando a campanha de Requião, além de "não estar atenta" às ações cabíveis ao partido no período eleitoral, o que justifica a troca de direção. "Até o último sábado, por exemplo, não haviam gravado os programas eleitorais dos candidatos a deputado pelo partido, o que tem que ser organizado pela diretoria", diz.
Segundo Serraglio, porém, mesmo que haja membros do partido contrários à candidatura de Requião, não há manifestações nesse sentido. "Mesmo assim, se, em um grupo de 15 pessoas, duas ou três falam alguma coisa, não é justo atacar contra todas elas", justifica. "Com a nossa diretoria, o PMDB volta ao normal. Mesmo com as dissidências, vou trabalhar pela unidade partidária", diz Rocha Loures.
Para o cientista político da PUC-PR Mário Sérgio Lepre, a luta pela direção partidária não tem reflexos diretos no eleitor, mas possui um caráter simbólico na campanha. "É uma característica de poder. Ter o diretório com uma identidade, envolto em uma candidatura, é muito simbólico, principalmente para o Requião", avalia. (KB)
O juiz Victor Bastschke, da 7ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Paraná, cassou nesta sexta-feira (22) a liminar que dava aos antigos dirigentes do PMDB no estado a posse da sede do partido em Curitiba. A liminar foi concedida na última segunda-feira (18) pelo juiz substituto José Eduardo Salmon, que considerou que, até então, não havia provas de que a comissão executiva tivesse sido de fato dissolvida, o que ocorreu na sexta-feira passada (15).
O advogado do PMDB, Luiz Fernando Delazari, confirmou a cassação da liminar e disse que, ainda nesta sexta, um oficial de Justiça esteve na sede do partido para comunicar a antiga diretoria da decisão, mas o local estaria fechado. Ainda segundo o advogado, não foi decidido se o oficial aguardaria até a próxima segunda-feira para fazer uma nova notificação ou se autorizaria a nova diretoria a tomar a sede.
Ainda na segunda-feira, a Comissão Executiva Nacional do PMDB reconheceu as mudanças na diretoria regional do partido. Com a justificativa de que os membros destituídos estariam atrapalhando as eleições majoritárias, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures assumiu a presidência da legenda no lugar do deputado Osmar Serraglio. Sérgio Ricci é o novo secretário-geral, no lugar do ex-governador Orlando Pessuti, e outros três nomes foram substituídos de um total de 16, incluindo os suplentes.
A reportagem tentou contato com membros da antiga diretoria do partido Serraglio, Pessuti e Doático Santos para comentar a situação, mas eles não atenderam nem retornaram os telefonemas.
Entenda o caso
Há uma semana, o grupo político ligado ao senador e candidato ao governo Roberto Requião realizou uma reunião para tratar de alterações na Executiva Estadual do PMDB, que teve o apoio de 42 dos 71 possíveis votantes. Como a antiga Executiva determinou o fechamento da sede do partido até domingo, por luto pela morte de Eduardo Campos, os membros fizeram a reunião na calçada. Depois, o grupo chamou um chaveiro para ocupar a sede. Na segunda-feira, porém, a diretoria destituída conseguiu na Justiça a reintegração de posse.
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