Principal cabo eleitoral do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu para o último dia permitido para comício antes do primeiro turno das eleições um discurso cheio de ataques à imprensa e críticas à oposição.
Após uma carreata pelas ruas de Diadema nesta quinta-feira (2), Lula reclamou do monopólio da imprensa que persegue o PT de forma "descomunal".
Segundo o petista, "não existe liberdade de imprensa". "Existe uma doutrina de nove famílias que dominam a comunicação nesse país, que determina quem é o inimigo, quem é bom e quem é ruim neste país, o que vai mostrar e o que não vai mostrar", afirmou.Para o ex-presidente, os grandes veículos não aceitam a política de comunicação dos governos do PT sobre distribuição de publicidade.
"Estou contando isso para que as pessoas saibam que a perseguição ao PT é um negócio descomunal. Eu tava quase achando que era proibido usar camisa vermelha outra vez. Porque a verdade é que eles governaram este país desde Cabral chegou aqui. Quando Cabral colocou os pés aqui eles começaram a mandar no país. E o que eles não gostam de nós e têm ódio é que a gente começou a distribuir o dinheiro da cultura para todo o Brasil e não apenas para São Paulo e para o Rio", disse.
E completou: "E que a gente começou a fazer propaganda nos jornais do interior e não apenas nos grandes. O que eles não gostam da gente é porque os pobres, que eles achavam que tinham nascido pobres e iam morrer pobres começaram a subir os degraus da ascensão social, que eles têm direito porque são quem trabalha neste país".
O ex-presidente afirmou que o ódio da imprensa é motivado pela ascensão social das classes pobres.
"Vocês estão lembrados o quanto eles criticaram o Bolsa Família. O Bolsa Família é esmola. O Bolsa Família vai criar vagabundo. Quem recebeu Bolsa Família não vai trabalhar. O Lula está dando dinheiro para vagabundo. O dinheiro do Bolsa Família era um troco que eles davam no restaurante depois de tomar quatro ou cinco uísques. E eles não sabem o que R$ 120 ou R$ 200 significa na mão de uma pessoa pobre, que tem três ou quatro filhos dentro de casa", disse.
Favorecimento
Após sustentar que foi "massacrado pela imprensa" ao longo de seus oito anos de gestão, Lula leu por quase nove minutos números de um levantamento, que segundo ele é da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, apontando para quem a imprensa "torcia, se era neutra, favorável ou contra".
De acordo com os números citados, o Jornal Nacional não produziu nenhuma notícia negativa contra a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, sendo que foram 5m35s do candidato Aécio Neves (PSDB) de matérias negativas e 1h46m57s de notícias negativas contra Dilma. "É mais do que uma partida de futebol de notícia negativa contra a companheira Dilma Rousseff", afirmou.
Lula disse ainda que a mesma pesquisa revelou o que em matérias positivas também haveria uma postura que prejudicaria Dilma. Marina teve 10m47s de matérias positivas, contra 7m42s de Aécio e 4m15s de matérias positiva sobre Dilma.
O ex-presidente também elencou dados sobre as manchetes da Folha de S.Paulo, do "O Estado de S. Paulo" e de "O Globo". Lula afirmou que, desde o início da campanha, no dia 6 de julho até agora, Dilma também foi mais atacada.
As manchetes negativas foram na com esta proporção: Aécio Neves (39), Marina (75) e Dilma (490).
Violentos
"Estou querendo dizer a vocês que o grande partido de oposição ao nosso partido e a presidente Dilma chama-se imprensa brasileira", disparou. "Isso significa que, desde o início da campanha, eles publicaram três manchetes negativas contra Dilma por dia. Como os adversários não tiveram força esse tempo inteiro, eles então resolveram fazer o papel de partido de oposição. É uma vergonha o que eles fazem", reforçou.
Lula ainda afirmou que Dilma é alvo de preconceito maior que o dele porque é mulher. "Eu pensei que o ódio era contra mim, mas contra a Dilma eles são muito mais violentos é o preconceito contra mulher, contra a mulher, a Dilma é letrada, é formada em economia na Unicamp, tem mestrado na Unicamp. Então, eles não poderiam ter da Dilma o ódio que tinham do analfabeto".
Mensalão
Antes dos ataques à imprensa, Lula fez uma espécie de mea culpa indireta sobre as prisões do mensalão e outros escândalos de corrupção envolvendo o PT, sustentando que isso não tem que abalar o partido.
Integrantes da cúpula do PT apontam o envolvimento de correligionários com esquemas de corrupção como um dos fatores responsáveis pela alta rejeição do partido em São Paulo, maior colégio eleitoral do país.
"O PT tem defeito? Tem. É como na casa da gente a gente tem três, quatro filhos e nem todos são iguais, tem um que é bonzinho, tem um que é mais capetinha. O PT tem defeito, mas a verdade é que nossos adversários não nos criticam pelos nossos defeitos, ele nos criticam, o que incomoda para eles é que os pobres em ascensão social nesse país."
O ex-presidente disse que os petistas não têm direito de permitir que haja um retrocesso nesse país. "A gente vai ter que dizer a verdade. Eles tentaram encurralar o PT, eles tentaram fazer o PT andar de cabeça baixa nesse País. Ninguém vai fazer o PT baixar a cabeça".
Ele afirmou ainda que o PT sempre corrigiu seus erros. "Aqueles no PT que erraram, nós mesmos punimos eles, mas não podemos deixar de ter orgulho do PT e dizer que foi o mais importante partido de esquerdo já criado".
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