"Marina Silva não é mais a terceira via, é a primeira." A frase taxativa de um dos integrantes do comando da campanha do PSB ao Palácio do Planalto define a mudança de atitude que a candidata terá nos próximos 37 dias, até o primeiro turno das eleições presidenciais. Com chances de vencer a disputa para a sucessão da presidente Dilma Rousseff (PT), Marina vai calibrar o discurso e a articulação política e social de sua candidatura para se mostrar uma alternativa viável ao eleitor. A nova estratégia da ex-senadora é criar uma oratória mais firme e assertiva em que se apresente como quem tem condições de governar o país. Para isso, Marina vai enumerar em discursos públicos suas realizações como senadora (1995-2011) e ministra do Meio Ambiente (2003-2008) e continuará a fazer acenos ao mercado e também a setores que ainda têm certa resistência à sua candidatura, como é o caso do agronegócio. Com quase 30% das intenções de voto segundo pesquisas feitas após a morte de Eduardo Campos, Marina tem se comprometido com o controle da inflação, a independência do Banco Central e as reformas tributária, política e administrativa, como garantias de governabilidade. A ideia de "nova política" e "alternativa à polarização entre PT e PSDB", porém, não será abandonada pela candidata. O discurso virou o mantra do PSB e já é tratado como marca materializada. Alguns pessebistas comparam a transição que Marina fará à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de 2001 para 2002, quando foi eleito pela primeira vez ao Palácio do Planalto. Segundo eles, o petista passou de representante de um grupo restrito para uma pessoa com potencial para se tornar presidente. O paralelo também é feito com a Marina de 2010, candidata à Presidência pelo PV que teve cerca de 20 milhões de votos, e a Marina de 2014, com oportunidade real de vitória. Há quatro anos, a ex-senadora era uma alternativa, um voto de protesto. Hoje, avaliam os membros da campanha, assumirá uma postura de governante. A articulação política é o maior desafio da nova etapa da campanha. A formação dos palanques regionais no início do ano foi o foco de divergência entre Campos e Marina, que não concordava, por exemplo, com a aliança entre PSB e PSDB em São Paulo e PSB e PT no Rio de Janeiro. Os palanques mostrarão agora a força nacional de Marina e sua capacidade de agregar aliados. A mobilização, porém, depende do PSB, partido do qual a candidata é recém-filiada e não tem o controle das estruturas. Para resolver o impasse, o candidato a vice de Marina, deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS), foi escalado para fazer as pontes nos Estados e pedir votos, inclusive, em palanques que a candidata se recusa a subir. Os cinco governadores e os 24 deputados federais do PSB serão convocados pelo comando do partido para se empenharem pessoalmente na campanha. Com boa atuação nas redes sociais e aceitação em fatias que representam as manifestações de junho, a mobilização social é dada como resolvida na campanha, que precisa apenas ser acompanhado de perto.
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