Repercussão
Recessão técnica é destaque na imprensa internacional Folhapress
A notícia de que o Brasil entrou em recessão técnica repercutiu na imprensa internacional ontem. O americano Wall Street Journal destacou que a divulgação do resultado da economia no segundo trimestre foi um "golpe nas esperanças de reeleição da presidente Dilma Rousseff" antes das eleições. O jornal ressalta ainda que a recessão chega a "cinco semanas das eleições, com poucas evidências de que uma melhora estaria a caminho".
Também para a britânica BBC, a piora do PIB "fará estragos no governo da presidente Dilma Rousseff". Em reportagem publicada em sua versão online, a emissora destaca que a chefe de Estado perderia as eleições para a candidata Marina Silva (PSB) e que "a economia é cada vez mais vista como o ponto fraco da presidente".
Neste contexto, o jornal Financial Times afirma que Dilma ainda é a favorita a ganhar nas urnas em outubro, mas que vem sendo desafiada por Marina Silva e Aécio Neves (PSDB). A publicação britânica afirma também que o país "tem flertado com a recessão após uma série de trimestres em que o crescimento estava estagnado".
Os candidatos à Presidência aproveitaram o anúncio do encolhimento do Produto Interno Bruno (PIB) em 0,6% no segundo trimestre para desmerecer ontem a política econômica do governo Dilma Rousseff. Aécio Neves (PSDB) criticou duramente o ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacando que o modelo de gestão da economia do governo petista fracassou. Marina Silva (PSB) afirmou que o país atravessa um momento grave, "em que há falta de confiança e de credibilidade".
Por outro lado, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, classificou como "momentânea" a retração no segundo trimestre e disse esperar uma "grande recuperação" no segundo semestre. Assim como Mantega, ela citou o excesso de feriados, por causa da Copa do Mundo, e a economia internacional como responsáveis pelo resultado. "Por causa da Copa do Mundo, tivemos a maior quantidade de feriados na história do Brasil, nos últimos anos, nesse trimestre, mas no próximo trimestre, teremos uma situação oposta", alegou a presidente.
Em visita a um monotrilho na capital paulista com o governador Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB Aécio Neves aproveitou o quadro de recessão técnica para endurecer as críticas ao governo Dilma. O presidenciável afirmou que o quadro de PIB negativo pela segunda vez consecutiva mostra que o governo terminou e que o legado a ser deixado será o do fracasso econômico.
"Hoje é um dia muito triste para o Brasil. O Brasil acaba de entrar em recessão técnica. Pelo segundo trimestre consecutivo temos um PIB negativo. Na verdade, o governo do PT terminou e antes da hora. O legado será de crescimento e investimentos baixos, combinado com inflação e juros altos e perda crescente da confiança na nossa economia", disse o tucano.
Aécio também criticou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que na quinta-feira questionou a capacidade do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, anunciado pelo presidenciável como seu ministro da Fazenda, se eleito, para conduzir a economia. "Não vejo nele autoridade para questionar o que quer que seja. É triste (ver) ao final de um governo o ministro da Fazenda que entrega esse quadro extremamente perverso".
Risco
A recessão técnica e o mau desempenho das contas públicas, também divulgado ontem (leia mais na página 21), poderão levar a rebaixamento nas notas do Brasil nas agências de risco. A Fitch, uma das três grandes agências, afirmou em relatório que a contração na economia ressalta desafios importantes para enfrentar após as eleições.
Queda no PIB ajuda Bolsa a ter melhor mês desde 2012Folhapress
A interpretação do mercado financeiro de que o fraco desempenho do PIB no segundo trimestre deve prejudicar a campanha pela reeleição de Dilma deu fôlego à Bolsa brasileira ontem e ajudou seu principal índice a fechar o melhor mês em dois anos e oito meses.
No dia, o Ibovespa subiu 1,65%, para 61.288 pontos. É o maior valor desde 23 de janeiro de 2013, quando ficou em 61.966 pontos. Com isso, houve ganho de 9,78% em agosto melhor mês para o índice desde janeiro de 2012, quando subiu 11,13%. Foi também o melhor agosto desde 2003, quando o Ibovespa avançou 11,81%.
"O mercado tem deixado claro na disputa eleitoral que tudo o que pode trazer impacto negativo na campanha da Dilma será levado ao lado oposto (com efeito positivo na Bolsa). Isso envolve, por exemplo, o crescimento fraco do PIB, o fato de a Marina Silva (PSB) ter se saído melhor no debate na TV e expectativas por pesquisas que estão por vir", diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.
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