Os mercados financeiros terão fôlego e os ativos brasileiros subirão até pelo menos a próxima rodada de pesquisas eleitorais. A previsão é do analista sênior para América Latina da consultoria IHS em Londres, Carlos Caicedo. Apesar da votação considerada "surpreendente" de Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno, o analista reafirma que Dilma Rousseff (PT) continua como candidata favorita para vencer a segunda etapa das eleições presidenciais.
"Definitivamente foi uma surpresa a forma como Aécio Neves subiu nos últimos dias. Acho que há duas razões para isso: ele teve um bom desempenho no último debate presidencial e Marina Silva, ao contrário, foi muito mal. Isso determinou uma migração para o candidato", diz o analista.
Para Caicedo, os mercados brasileiros reagirão positivamente a essa surpresa eleitoral. O fôlego, porém, não será longo, prevê. Para o analista, a distância de oito pontos porcentuais entre Dilma e Aécio dará força aos ativos brasileiros no curtíssimo prazo.
"Essa é uma boa notícia para o mercado e vai apoiar uma reação da Bovespa pelos próximos dias. O movimento provavelmente será mais intenso hoje e amanhã e a euforia só será vista até a primeira pesquisa eleitoral. Se a primeira rodada de pesquisas mostrar uma diferença maior, com vantagem de Dilma de 10 pontos ou 12 pontos, o mercado volta a cair", diz.
Mesmo com a surpresa das urnas, o analista para a América Latina da consultoria não trabalha com a hipótese de vitória do tucano no segundo turno. "O PT vai usar toda sua força, toda sua máquina para atacar Aécio. A mesma estratégia anti-Marina vai ser direcionada contra o candidato do PSDB, exatamente como vimos nos últimos dias da campanha", diz o analista.
Além disso, ele não acredita em uma transferência maciça dos votos de Marina Silva para o tucano. "Muitos eleitores de Marina têm origem na esquerda. Eles não votariam em Aécio".
Para o analista da IHS, o PT tentará colar a imagem de "candidato dos banqueiros e dos ricos" no tucano e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuará mais fortemente na campanha para atrair votos em regiões em que Dilma foi mal no primeiro turno, especialmente em São Paulo.
"Obviamente, o empresariado, os investidores e a classe média de São Paulo querem Aécio. Mas no Norte e Nordeste do Brasil e nas áreas mais pobres das demais regiões, a opinião é diferente. Para esses eleitores, o discurso do medo preocupa e faz efeito". Para Carlos Caicedo, Dilma só perderia a vantagem se novas denúncias de corrupção vierem à tona e atingirem diretamente a presidente da República.
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