A chuva forte do início da manhã deste domingo (17) não interrompeu a romaria de admiradores que foram se despedir do ex-governador Eduardo Campos no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco.
A movimentação é intensa desde a madrugada. Organizadas em fila, as pessoas passam bem próximo aos caixões de Campos e de dois dos assessores mortos no acidente aéreo da última quarta-feira (13), o jornalista Carlos Percol e o fotógrafo Alexandre Severo.
Eram duas horas da madrugada deste domingo quando o cortejo fúnebre do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos chegou ao Palácio.
Os restos mortais de Campos e seus assessores chegaram à sede do governo sob os gritos de "justiça, justiça" do público que aguardava em frente ao palácio.
Os caixões foram retirados de cima dos caminhões do Corpo de Bombeiros e colocados lado a lado.
Nos último metros do trajeto, os filhos de Campos que estavam em cima do caminhão puxavam o grito "Eduardo guerreiro do povo brasileiro". Eram acompanhados com aplausos e gritos eufóricos de centenas de pessoas.
Os familiares velarão Campos e seus assessores até o fim da tarde de domingo. Para as 10h, está prevista uma missa campal e, por volta das 17h, deve acontecer o enterro.
As urnas fúnebres são cobertas por bandeiras. A de Campos tem, além de um porta-retratos com uma foto dele, as bandeiras do Brasil, de Pernambuco e do PSB. A de Severo, a de Pernambuco e a do Santa Cruz, seu time do coração. O caixão de Percol tem as bandeiras do Estado, do Recife e do Sport Clube.
Familiares dos três estão sentados ao redor dos caixões. A ex-primeira-dama Renata Campos e os cinco filhos do casal passaram boa parte da madrugada junto à urna e depois recolheram-se no próprio palácio.
Por volta das 8h30, representantes de blocos carnavalescos "O Bonde", "Bloco das Ilusões", "Tribo Indígena Tapirapé" e "Flor da Lira de Olinda" marcaram presença no velório.
Vestidos com fantasias de carnaval, tocaram trechos da marcha fúnebre em frente aos caixões, sendo aplaudidos pelos presentes.
A mãe de Severo, que descansava no interior do palácio, disse que pretendia doar o acervo fotográfico do filho para uma das universidades onde ele estudou.
Alguns passam pelas urnas tirando foto e filmando com celulares. Muitos choram. Constantemente, grupos param diante do caixão de Campos e cantam o hino de Pernambuco, hinos religiosos e aplaudem.
Bandeiras de Pernambuco e da campanha presidencial estavam sendo distribuídas nas imediações do palácio. Algumas pessoas usam bandeirões de Campos e Marina Silva como manto.
Durante a madrugada, maracatus reverenciaram as vítimas do acidente. Ao amanhecer, um grupo que usava chuteiras e meiões parou por alguns minutos diante do caixão de Eduardo Campos.
Marina Silva
Candidata a vice na chapa de Campos, Marina Silva acompanhou a família do ex-governador durante todo o trajeto, desde a Base Aérea de Recife.
Às três horas da madrugada, a ex-senadora ainda permanecia no palácio com diversos assessores. "Marina tem muita resistência", disse um deles.
Na quarta-feira (20), o PSB deve oficializar em Brasília o nome de Marina como cabeça da chapa ao Palácio do Planalto.
Entre os gritos para Eduardo Campos, pode-se ouvir um sonoro "Marina, Marina, Marina" assim que os carros dos Bombeiros chegaram ao Campo das Princesas.
Missa
Está prevista uma missa campal comandada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, para as 10h. Às 17h, o corpo de Eduardo Campos seguirá para o cemitério de Santo Amaro, onde será enterrado ao lado do jazigo de seu avô, o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005).
Centenas de pessoas já estavam em frente ao palácio do Campo das Princesas no início da noite de sábado (16). Trouxeram faixas e cartazes e entoavam cânticos religiosos citando o ex-governador.
Há inúmeras coroas de flores dentro e fora da sede do governo, além de telas pintadas com o rosto de Eduardo Campos. Em destaque estão as coroas enviadas pelo ex-presidente Lula Inácio Lula da Silva e pela ex-primeira-dama Marisa Letícia. Os governos dos EUA e do Canadá também mandaram adornos.
A expectativa é que 120 mil pessoas acompanhem o velório e a missa. Três telões foram instalados fora do palácio para transmitir a cerimônia ao público que eventualmente não conseguir entrar.
A desempregada Mauricea de Azevedo, 54 anos, chegou ao palácio às 14h de sábado (16) e disse que ficaria até o fim do velório. Com duas bandeiras - uma, de Campos; outra, de Miguel Arraes -, ela passou o dia debruçada sobre a grade que separa o público da área reservada para a missa.
"Eduardo e Arraes entraram pela porta da frente deste palácio e saíram no caixão", disse. "Quero ficar o mais próximo possível", completou. Em suas mãos, um álbum com fotos de Campos. "Até agora a ficha não caiu."
A chegada no Recife
Foi ao lado de Marina Silva que Renata Campos, viúva do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, recebeu no sábado os restos mortais do marido, na base aérea do Recife. Todos os filhos - inclusive o caçula Miguel, de sete meses- acompanharam a mãe.
Às 23h05 chegaram as caixas fúnebres de Campos e dos três integrantes de sua campanha mortos no acidente aéreo que serão velados na capital de Pernambuco: o jornalista Carlos Percol, o fotógrafo Alexandre Severo Gomes da Silva e o cinegrafista Marcelo de Oliveira Lyra.
Renata e os cinco filhos ficaram à espera da aeronave na pista de pouso, dentro de um ônibus disponibilizado pela Infraero. Junto com a família, estava Marina Silva.
A mãe de Campos, Ana Arraes, e Guel Arraes, tio do ex-governador de Pernambuco, também aguardavam na pista a saída do caixão de Campos do avião da FAB, o que aconteceu pontualmente às 23h15.
Os filhos de Campos vestiam uma camiseta amarela com a frase com que ele encerrou sua entrevista no Jornal Nacional, da TV Globo, um dia antes de morrer: "Não vamos desistir do Brasil". Renata e Ana Arraes, assim como o bebê Miguel, vestiam roupas claras.
Aplausos
Sob aplausos, o caixão de Campos foi levado a um caminhão do Corpo de Bombeiros com ajuda dos dois filhos mais velhos, João Henrique e Pedro.
O caixão de Percol e Severo foram colocados, também sob aplausos, em um outro caminhão dos Bombeiros. Lyra, que não será velado no palácio do Campo das Princesas, foi levado por um carro funerário.
O cortejo fúnebre saiu perto da meia-noite de domingo (17) com destino à sede do governo.
O corpo de Pedro Valadares, ex-deputado federal e assessor pessoal de Campos, também estava no voo para o Recife. Após a parada em Pernambuco, seus restos mortais seguiram no avião da FAB para Aracaju. Ele será velado em Simão Dias (SE), sua cidade natal.
O cortejo percorreu as ruas do Recife até o palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual. É ali que três dos corpos serão velados até o fim da tarde deste domingo (17). Apenas Lyra, por escolha da família, terá o velório realizado no cemitério Morada da Paz.
Nas ruas em torno do aeroporto, dezenas de pessoas esperavam na calçada a passagem dos caminhões.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e apoiadores reagem a relatório da PF que indiciou 37. Assista ao Entrelinhas
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Otan diz que uso de míssil experimental russo não vai dissuadir apoio à Ucrânia