VICE
O comando do PSB descartou ontem a hipótese de Renata Campos concorrer à vice na chapa do partido encabeçada por Marina Silva. A viúva do ex-governador Eduardo Campos está legalmente impedida de participar da corrida presidencial. Funcionária do Tribunal de Contas, ela teria que pedir licença, o que não aconteceu. O PSB também descartou a possibilidade de algum nome de outro partido vir a compor a chapa. Nas apostas, cresce a chance de ser o deputado federal Beto Albuquerque (RS). Há também quem defenda o nome do deputado mineiro Júlio Delgado.
Investigação
Caixa-preta não gravou conversa de acidente com Campos, diz Aeronáutica
Folhapress
A caixa-preta do jato Citation não registrou a conversa dos dois pilotos no voo que caiu em Santos (SP) e matou o presidenciável Eduardo Campos, disse ontem a Aeronáutica.
A Aeronáutica, responsável pela investigação, informou ainda não saber a razão pela qual isso aconteceu. Apesar do trabalho de desmontagem da caixa de áudio ter sido finalizado com sucesso e a memória recuperada na íntegra, a conversa gravada é de outra data, ainda não definida. "As duas horas de áudio, capacidade máxima de gravação do equipamento, obtidas e validadas pelos técnicos certificados, não correspondem ao voo realizado no dia 13 de agosto", disse em nota o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Sem essa informação, uma parte essencial para a investigação, a conversa dos pilotos, não será recuperada. O jato Citation já não tinha outro elemento importante para reconstituir os últimos momentos da viagem entre Santos Dumont e a base aérea de Santos o gravador de dados de voo. A Aeronáutica disse "que os dados obtidos no gravador de voz representam apenas um dos elementos levados em consideração durante a nvestigação, não sendo imprescindíveis para a identificação dos possíveis fatores contribuintes".
Procurada pela cúpula do PSB ontem, Marina Silva deu aval ao partido para que inicie consulta aos principais dirigentes da legenda sobre a possibilidade de que ela assuma a candidatura à Presidência da República no lugar de Eduardo Campos, que faleceu na última quarta-feira em um acidente aéreo. O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, e o coordenador-geral da campanha de Campos, Carlos Siqueira, se encontraram com a ex-senadora em São Paulo.
A reportagem apurou que Amaral disse a Marina vice na chapa de Campos que o partido irá iniciar consulta aos governadores, congressistas e principais prefeitos da legenda sobre o rumo a ser tomado após a morte de Campos. Em seguida, perguntou se a ex-senadora tinha objeção de que seu nome fosse apresentado nessa sondagem como opção de candidatura.
Segundo relatos, Marina afirmou que não se opunha. Desde o acidente de quarta-feira, ela tem evitado tratar de política em respeito ao luto pela morte do companheiro de chapa. De acordo com o cronograma detalhado por Amaral, o resultado da consulta será levado para a executiva do partido, que tem reunião marcada para quarta-feira, em Brasília, para definir a candidatura.
Avaliação
Segundo o presidente do PSB, o mais provável é que Marina Silva seja a candidata do partido à Presidência. "O mais provável é que Marina seja a candidata, mas tomaremos essa decisão apenas no dia 20", afirmou Amaral, que negou ter resistências ao nome da ex-senadora. Questionado se há uma articulação para fazer de "Dona Renata", viúva de Campos, vice na chapa, ele disse desconhecer esse fato: "Não tenho conhecimento, mas ela seria um grande nome".
Amaral negou ainda ter conversado com o ex-presidente Lula sobre política após a morte de Campos: "Ele telefonou e foi muito respeitoso. Só falou da amizade que tinha por Eduardo e que tem por mim."
Resistências
Apesar de haver maioria no PSB pela escolha de Marina, há setores que resistem a seu nome. Entre outros pontos, há insatisfação pelo fato de ela ser recém-filiada ao PSB e ter deixado sempre claro que pretende deixar a legenda assim que conseguir colocar de pé o seu partido, a Rede Sustentabilidade. Além disso, o próprio Amaral, que era vice de Campos no PSB, defendia que o partido apoiasse a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Candidata à Presidência em 2010, quando ficou em terceiro lugar, Marina tentou montar a Rede Sustentabilidade para disputar novamente o Planalto em outubro, mas não conseguiu fazer isso a tempo. Ela então se aliou a Campos em outubro de 2013 e se filiou ao PSB. Neste ano, foi escolhida como a vice na chapa ao Planalto.
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