Na estratégia para tentar conquistar o Palácio do Planalto, o braço sindical da campanha do presidenciável do PSDB, Aécio Neves, comandado pelo presidente do Solidariedade e presidente licenciado da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, vai reforçar a mobilização com a classe trabalhadora em todo o País, utilizando as propostas do tucano para esta área. Uma das vitrines, disse Paulinho em entrevista ao Broadcast Político, serviço da Agência Estado de notícias em tempo real, será o compromisso de Aécio com a revisão do fator previdenciário.
A revisão do fator previdenciário é uma das bandeiras do movimento sindical em todo o País, inclusive dos sindicalistas que apoiam a presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff. Para a campanha tucana, Aécio Neves saiu na frente nessa questão porque foi o primeiro candidato, no primeiro turno deste pleito, a se manifestar favoravelmente à revisão desse mecanismo. Após sua declaração, a campanha da então candidata do PSB, Marina Silva, também seguiu na mesma linha, enquanto a presidente Dilma sinalizou que não pretende mexer no fator em seu eventual novo mandato.
Além do fator previdenciário, que será o carro-chefe da campanha que os sindicalistas farão a favor de Aécio neste segundo turno, outras propostas do presidenciável tucano na área trabalhista também estarão sendo propagadas, em milhões de panfletos que serão distribuídos não apenas nos maiores colégios eleitorais do País, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, mas também em todo o País.
Paulinho destacou outras propostas do candidato do PSDB que estarão sendo levadas à classe trabalhadora: a correção da tabela do Imposto de Renda, em 10% no primeiro ano de mandato e recuperando a defasagem nos próximos três anos e a política de valorização do salário mínimo e dos aposentados. A ideia dos sindicalistas pró-Aécio é colocar a pecha na adversária petista de que ela é contra as principais bandeiras dos trabalhadores.
Campanha petistaIntegrante do grupo sindical que apoia Dilma, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, admite que, ao aceitar conversar sobre o fator previdenciário, Aécio "ganhou pontos", mas diz que este não é o único tema em questão. "Outras questões vão estar em debate: inflação, emprego, salário. Tem vários pontos que já são positivos para a campanha da Dilma", emendou.
Juruna diz que os sindicalistas que apoiam a petista vêm pressionando para que Dilma tome posição parecida com a de Aécio com relação ao fator previdenciário, e acredita que isto pode acontecer em breve. "A Dilma deveria tender para uma proposta de busca de entendimento. Não dá para dizer simplesmente que não vai fazer. O Aécio nem disse que vai fazer, o que ficou de positivo foi ele dizer que vai conversar. Ela sinalizando isso, eu acredito que já é positivo."
Amanhã (9), os sindicalistas pró-Dilma têm uma encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pretendem voltar ao tema do fator previdenciário. Apesar da insistência em incorporar a reivindicação à campanha petista, Juruna defende que o programa de Dilma da área trabalhista tem vantagens sobre o de Aécio. "Tem que lembrar que quem criou o fator foi o PSDB, o partido do Aécio, ele tem culpa". Com relação a este argumento o grupo que apoia Aécio rebate dizendo que no governo de Lula, o Congresso Nacional chegou a aprovar o fim deste fator, mas ele vetou a medida.
Enquanto a campanha de Aécio vai tentar colar a pecha de que Dilma é contra a classe trabalhadora, a tentativa de mobilização dos trabalhadores em torno da campanha de Dilma vai apostar na comparação de propostas dos dois candidatos que chegaram à reta final dessas eleições presidenciais. "Estamos lançando um jornal chamando atenção para os direitos que estão sendo ameaçados. O futuro ministro (Armínio Fraga, que Aécio já disse que se eleito será seu titular da pasta da Fazenda) fala de medidas duras de combate à inflação. E medidas duras, para nós, sempre foi desemprego e recessão."
Os sindicalistas alinhados com a campanha de Aécio também estão preparados para rebater críticas ao episódio que levou o candidato tucano a voltar atrás na declaração de que, se eleito, iria acabar com este mecanismo. Após essa declaração, feita em um evento com mulheres sindicalistas, Aécio disse numa entrevista a uma emissora da TV que iria estudar uma forma de substituir o fator previdenciário, de maneira responsável e desde que o País voltasse a crescer, para que ele não continuasse punindo de forma tão violenta, como vem punindo, o salário dos aposentados brasileiros. Para Paulinho, Aécio demonstrou que irá rever o fator e abriu diálogo com os sindicalistas, enquanto Dilma nem quer conversar a respeito.
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