Foto divulgada pela campanha do candidato do PMN mostra o momento em que os guardas municipais são abordados supostamente do lado de fora da Chácara São Rafael| Foto: Divulgação/Campanha de Rafael Greca

Os dois guardas municipais de Curitiba que foram detidos pela Polícia Civil em Piraquara, há dois dias, foram ouvidos no começo da tarde desta sexta-feira (23) durante um procedimento da ouvidoria da Guarda Municipal de Curitiba. O advogado dos guardas, Heitor Bender, afirmou que os seus clientes estavam no lugar errado e na hora errada no dia da abordagem, a qual qualificou de “estranha” e “arbitrária”. Eles foram detidos sob a alegação de estarem monitorando a chácara do candidato Rafael Greca (PMN), que fica na cidade da Região Metropolitana de Curitiba.

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O caso esquentou a troca de acusações entre os dois principais candidatos na disputa pela prefeitura da capital. A discussão gira em torno do sumiço de objetos que pertenciam ao acervo da Casa Klemtz, incorporada ao patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) durante a década de 90, na gestão de Greca (então no PDT). Uma investigação da prefeitura apura se as obras são as mesmas identificadas em fotos tiradas na propriedade do candidato do PMN. O político nega as acusações, mas se recusa a abrir o local para visita da imprensa.

O que é “bala de prata”?

O uso da expressão “bala de prata” como sinônimo de manobra decisiva não é novo na política e sua ocorrência mais recente no Paraná foi na campanha para o governo do estado, em 2014. Naquela ocasião, o candidato e senador Roberto Requião (PMDB) fez suspense durante vários dias, prometendo uma informação que iria “virar o jogo” contra o candidato à reeleição daquele pleito, Beto Richa (PSDB). No entanto, a promessa do peemedebista foi infrutífera.

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“No meio deste tiroteio eleitoral, eles serviram de uma bala de prata para argumentos eleitorais. Me causa muito medo é por fatos políticos alguém ceifar direitos fundamentais de um cidadão. Isso me causa muito receio”, afirmou o advogado, logo após os depoimentos.

O procedimento em que os guardas foram ouvidos é uma verificação que antecede a abertura da sindicância. A Guarda Municipal, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que a investigação perdeu objeto após os guardas dizerem que estavam naquela região por motivos pessoais - e não a trabalho pela corporação.

Nos depoimentos, os guardas explicaram, segundo Bender, que um deles está de licença e o outro estava de folga. Os agentes, de acordo com o advogado, estavam em Piraquara para verificar as instalações de festas da sede campestre da Associação de Servidores Públicos de Curitiba.

Os dois iriam checar o local para fazer uma festa familiar no feriado em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, no dia 12 de outubro, que coincide com a data comemorativa do dia das crianças. “Os guardas não cometeram nenhum delito, crime ou contravenção. Está comprovado que eles estavam no local em horário que não era de serviço”, mencionou Bender.

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A campanha do prefeito Gustavo Fruet (PDT) admitiu na noite de quinta-feira (22) que os guardas municipais faziam parte da coligação do candidato à reeleição. Um dos carros utilizados por eles também está locado em nome da campanha. Em nota, a equipe de Fruet afirmou que os agentes são voluntários da coligação e que agiram sem o conhecimento da coordenação.

“A Coligação Curitiba Segue em Frente comunica que um dos carros usados pelos agentes da Guarda Municipal detidos na última quarta-feira está locado em nome da campanha.Os agentes são voluntários da Coligação e informaram que estavam em Piraquara para assuntos particulares sem o conhecimento da coordenação da campanha”, diz a nota. Questionada pela reportagem, a campanha informou que o outro veículo que estava com os guardas era particular.

Bender, no entanto, alega que apenas um deles estava trabalhando como voluntário na campanha, mas ressaltou que nenhum dos guardas estava com material de propaganda eleitoral. Eles apenas teriam parado para almoçar em um local a 500 metros da chácara do ex-prefeito Rafael Greca (PMN). O advogado afirmou que eles foram abordados pela Polícia Civil em frente ao restaurante - e não em frente à chácara de Rafael Greca.