Aliel Machado (Rede): votar contra o impeachment de Dilma Rousseff lhe custou a eleição para prefeito de Ponta Grossa| Foto: Wenderson Araujo/Gazeta do Povo

Os deputados federais que votaram contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e que tinham pretensões nas eleições municipais deste ano pareciam prever que seu posicionamento pró-Dilma traria consequências ao seu desempenho eleitoral. Candidato derrotado à prefeitura de Delmiro Gouveia (AL), o deputado Givaldo Carimbão (PHS), ao proferir seu voto contra o afastamento de Dilma, admitiu a impopularidade do posicionamento.

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“Seria muito fácil, depois de 20 votos a mais, querer aparecer e, de repente, fazer média com a sociedade, mas esse não é meu perfil. Prefiro perder em pé, mas com dignidade, a fazer aquilo que muitos fizeram aqui, sem ter a coragem de enfrentar a sua posição”, afirmou.

INFOGRÁFICO: Entenda o efeito impeachment nas eleições municipais

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Dos 23 deputados contrários ao impeachment que disputaram prefeituras nos municípios brasileiros, apenas dois foram eleitos. Isso equivale a uma taxa de sucesso de 9%. Os vencedores foram Moema Gramacho (PT), em Lauro de Freitas (BA) e Arnon Bezerra (PTB) em Juazeiro do Norte (CE).

Por outro lado, 25% dos deputados que tiveram posicionamento favorável ao impeachment e disputaram o executivo municipal em sua cidade saíram vitoriosos. Além do maior número de eleitos, este grupo obteve sucesso em cidades maiores e em capitais estaduais como Porto Alegre (RS), Uberlândia (MG), Ribeirão Preto (SP) e São José do Rio Preto (SP).

Deputados paranaenses

No Paraná, dois deputados federais disputaram prefeituras: Marcelo Belinati (PP), que foi a favor do afastamento de Dilma e foi eleito prefeito de Londrina; e Aliel Machado (Rede), contrário ao impeachment, perdeu a disputa em Ponta Grossa no segundo turno das eleições.

Para Machado, foram diversos fatores que o impediram de conquistar prefeitura , entre eles o seu posicionamento contrário ao afastamento de Dilma. “Esse foi um dos fatores, com certeza. A oposição soube explorar bem esse fato, não pelo voto em si, mas pela narrativa dos partidos”, avaliou.

Para o deputado, a saída de Dilma não pode ser qualificada como golpe. Seu voto contrário não foi por esse motivo, mas sim por julgar que a queda de Dilma fortaleceria Eduardo Cunha e Michel Temer, ambos do PMDB. Machado contou que tentou explicar seu posicionamento aos eleitores.

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“Até o PT me atacou, porque antes de votar o impeachment eu entrei com uma ação contra a chapa [Dilma/Temer] porque vi indícios de irregularidades na campanha”, disse o deputado, reconhecendo que mesmo esta atitude não aplacou a impopularidade de seu posicionamento em defesa do mandato de Dilma.

Machado, entretanto, resignou-se com a consequência de seu posicionamento. “Um dos meus discursos mais fortes meus é que um político não pode ficar pensando em votos na hora de tomar decisões dentro do mandato. Eu sabia que teria um prejuízo eleitoral grande”, disse.

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