Depois de ganhar notoriedade ao depor em um dos inquéritos que investigam o ex-presidente Lula, o zelador José Afonso Pinheiro decidiu sair candidato a vereador em Santos, Litoral de São Paulo. O zelador, que acabou sendo demitido depois de colaborar com as investigações, explora o episódio em busca de votos para se eleger.
O nome “fantasia” do candidato, inclusive, deixa claro quem ele é: Afonso Zelador do Tríplex. O slogan da campanha é “A verdade em prol da sociedade”, em alusão ao depoimento prestado por Pinheiro ao MP de São Paulo no caso do tríplex.
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Em uma peça de campanha em seu Facebook, o candidato afirma ter sido “demitido por ter dito a verdade ao Ministério Público”. “Como sempre acreditei que o bem prevalece sobre o mal, disse a verdade em prol da sociedade. Agora conto com seu voto para demonstrarmos que a verdade é o que vale a pena”, diz o cartaz.
Afonso Zelador do Tríplex saiu candidato pelo PP, partido envolvido no escândalo de corrupção na Petrobras investigado na Lava Jato. De acordo com delatores do esquema, a diretoria de Abastecimento, comandada por Paulo Roberto Costa, direcionava 1% do valor dos contratos superfaturados para o partido. Ao lado do PP, o PMDB e o PT também estão no centro do escândalo.
Entenda o caso
Pinheiro era zelador no Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral norte de São Paulo, onde o ex-presidente Lula possui um tríplex, de acordo com a Polícia Federal.
Em outubro do ano passado, Pinheiro disse aos promotores do Ministério Público de São Paulo, que investigava originalmente o caso, que em 2013 presenciou o ex-presidente Lula e a mulher em visitas ao apartamento 164-A e que nestas ocasiões a OAS preparava o edifício para receber o casal, decorando o hall e corredores com arranjos florais.
Em janeiro deste ano, o zelador concedeu uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, afirmando que Lula não aparecia no condomínio desde que veio à público a informação de que ele e sua esposa, Marisa Letícia, eram cotistas de um tríplex.
Em abril. Pinheiro foi demitido e alegou que as motivações foram políticas. Segundo o zelador, a OAS tentou constrange-lo depois que o seu depoimento ao MP veio à tona e ele teria recebido um “aviso” do síndico, para que não desse mais declarações sobre o caso.
Perfil
No sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato declarou ser negro, casado e ter o ensino superior incompleto. Segundo as informações prestadas por Pinheiro, ele é natural de Missal, interior do Paraná. À Justiça Eleitoral, Pinheiro declarou possuir R$ 13,2 mil em bens. A Gazeta do Povo entrou em contato com o candidato, mas não obteve retorno ao pedido de entrevista.
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