Quíron foi o mais eminente centauro da mitologia grega, reconhecido pelos saberes e habilidades com medicina. Foi também o mentor de grandes heróis, como Teseu, Jasão, Aquiles, Hércules, Dionísio e outros tantos. Inspirados na figura do centauro-professor de heróis, Daniel Dipp e Fernando Granato há quatro anos formam jovens para serem protagonistas no mundo contemporâneo.
Desde outubro de 2013, eles colocaram em funcionamento a Quíron, uma empresa social que trabalha atividades para ampliar a visão de mundo dos estudantes, assim como estimular o protagonismo, o autoconhecimento, o empreendedorismo. “Mais do que soluções, buscamos despertar mudanças comportamentais em nossos jovens, para que eles sejam parte da mudança positiva em nossa sociedade, que ampliem suas perspectivas e se percebam como seres em transformação”, diz Daniel Dipp, um dos fundadores da empresa. “Com nossa metodologia eles desenvolvem liderança, autoconhecimento, criatividade, capacidade de solucionar conflitos, comunicação e gestão.”
Segundo Fernando Granato, a Quíron tem o propósito de suprir carências do formato tradicional de ensino. “Começamos a estruturar os jovens a descobrir os talentos e pensar seus sonhos mais cedo.”
As capacitações podem ser de 30 horas, cujo objetivo é despertar os jovens para seus potenciais, ou de seis meses, em que pregam ferramentas para desenvolver a prática do protagonismo. “É uma formação complementar à educação formal. Depois das vivências, eles começam a ter uma percepção diferente do valor da escola”, afirma Dipp.
Para custear o programa de formação, os contratos são fechados com escolas particulares, órgãos de governo, organizações sociais ou empresas interessadas em custear as atividades em escolas públicas.
Cerca de 1,5 mil estudantes e 300 professores já foram formados pela Quíron no Paraná e em outros estados. Em São José dos Pinhais, por exemplo, a empresa atendeu 100 jovens de quatro colégios públicos apoiados pela Nutrimental. No Instituto Bom Aluno, em Curitiba, foram capacitados 40 jovens do 1º e 2º anos do ensino médio. Em Ponta Grossa, por intermédio do Instituto Mundo Melhor, outros 300 jovens receberam formação em protagonismo.
O trabalho já foi realizado também em Juiz de Fora (MG), Itapeva (SP), Garanhuns (PE), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE), Itajaí (SC) e Cuiabá (MT). A Quíron atuou ainda na Colômbia formando 60 estudantes, numa parceria com a Fundação Tintin – em um projeto com jovens que viveram em região de conflitos armados. “Contribuímos ensinando os jovens a ser protagonistas de suas próprias vidas, usando como base a jornada do herói, de Joseph Campbell”, conta Dipp.
Tendência
A Quíron é uma empresa social – aquela cujo o núcleo das atividades que exerce gera impacto transformador na realidade. “É uma tendência crescente. As pessoas estão se preocupando com as atividades das empresas e cada vez mais vão cobrar que elas tenham uma postura responsável”, avalia Dipp.
Para Fernando Granato, o modelo quebra paradigmas. “Trabalhamos numa empresa com propósito, sem depender de doações. É um modelo que faz com que os projetos cresçam mais rápido.”
Onde tudo começou
O relações públicas Daniel Dipp, de 27 anos, conheceu o engenheiro eletricista Fernando Granato, 28 anos, em 2012 no Choice, um evento de disseminação do conceito de negócios sociais promovido pela Artemísia, uma aceleradora de São Paulo. “Nós tínhamos interesse em causar impacto positivo no mundo, e vimos na educação a melhor forma de transformar as pessoas, fomentando conceitos como competências socioemocionais e ferramentas que contribuem para o desenvolvimento pessoal”, diz Dipp.
Uma das inspirações para a metodologia que desenvolveram, diz Granato, tem origem no estágio voluntário de três meses que fez na Rússia, quando teve oportunidade de ver como funcionava o contraturno educacional de lá, em que as crianças praticam artes e esportes. “Um pouco antes de começar a Quíron, a gente também conduziu uma pesquisa com 2 mil alunos, perguntando como seria a aula ideal, e o resultado foi que a maioria dos jovens gostaria de ter aulas mais dinâmicas, que permitissem aplicar conhecimentos na vida real”, explica Granato.
Segundo Dipp, a Quíron decidiu concentrar sua atenção em jovens do ensino médio por entender que o momento em que vivem traz a possibilidade de desenvolver conteúdos que são pouco acessíveis nessa idade. “Desenvolvemos uma metodologia inspirada em nossas vivências profissionais, e nos inspiramos em cases do Brasil e do mundo, como a Bridge Academy, que alcançou larga escala através de uma metodologia”, explica. “Assim criamos uma forma dinâmica, com linguagem jovem e conteúdos transformadores para desenvolver um olhar protagonista para com o mundo.”
Premiação
Em fevereiro de 2015 a Quíron foi agraciada como o prêmio Ozires Silva na área educacional. A empresa recebeu também certificação do Selo ODM, da Fiep, que visa reconhecer iniciativas que contribuam para o cumprimento dos Objetivos do Milênio, da ONU, além de ser uma das duas paranaenses que receberam o Selo Empresa B, certificação conferida pelo Sistema B para empresas que unem lucro à transformação social.
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