Nas últimas eleições municipais de Curitiba, em 2012, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) recebeu R$ 370 mil de 246 doadores individuais, contra R$ 25,5 mil oriundos de 40 pessoas físicas da campanha de Rafael Greca (PMN, à época no PMDB). Os valores não ultrapassaram 10% do montante total utilizado pelos então candidatos.
No caso de Greca, não chegou a 3%. A arrecadação total de Fruet, contando os incentivos partidários e as doações de empresas, foi de R$ 6,23 milhões, contra R$ 858 mil do ex-prefeito.
Os dois são os únicos candidatos das eleições de 2016 que também disputaram o último pleito municipal. Os outros sete - Requião Filho (PMDB), Tadeu Veneri (PT), Ney Leprevost (PSD), Xênia Mello (PSol), Ademar Pereira (Pros) e Afonso Rangel (PRP) e Maria Victória (PP) - não tentaram o Executivo em 2012.
O comparativo oferece uma amostra do impacto das mudanças na legislação eleitoral da reforma política de 2015. Com a proibição de doações de empresas, os candidatos sairão às ruas neste ano apenas com o dinheiro oriundo do fundo partidário e contribuições de pessoas físicas.
Greca x Fruet
No comparativo com o financiamento empresarial, as 40 doações espontâneas de pessoas físicas registradas pela equipe de Rafael Greca não alcançaram o montante arrecadado junto a uma única empresa no mês de julho daquele ano: R$ 30 mil contra R$ 25,5 mil. Em outubro, outra empresa efetuou um único pagamento similar, superior a todo o dinheiro arrecadado junto aos apoiadores pessoais da campanha do ex-prefeito.
O valor mínimo investido pelo próprio candidato em apenas um depósito, de R$ 30 mil, ultrapassou os R$ 25,5 mil. A contribuição mais baixa da direção nacional do PMDB naquele ano também foi superior: R$ 70 mil.
As doações individuais registradas pelo candidato também mostram dados inusitados. Dois eleitores doaram R$ 2, um contribuiu com R$ 3 e outros dois colaboraram com R$ 4 junto à campanha de Greca. Por outro lado, dois doadores investiram quase a totalidade do arrecadado, somando R$ 25 mil (R$ 10 mil de um e R$ 15 mil de outro). Os outros cerca de R$ 500 vieram dos demais 38 doadores. Ele terminou as eleições em 4º lugar, com 10,45% dos votos no primeiro turno.
Já a contribuição mínima para a campanha de Gustavo Fruet foi de R$ 30. O valor padrão das doações foi de R$ 50 (137 dos 246 doadores, mais de 50%). As maiores doações individuais foram de R$ 20 mil e R$ 23 mil. Uma única delas engloba quase a totalidade do montante declarado a Rafael Greca.
A campanha de Fruet também recebeu mais de uma doação da mesma pessoa ao longo da campanha, fenômeno que não ocorreu com a chapa do ex-prefeito.
Cadê a eleição que estava aqui? Novas regras atrasam e reduzem campanhas
Leia a matéria completaAs maiores contribuições empresariais para Fruet foram de R$ 200 mil. Os outros grandes financiadores da campanha foram os diretórios municipal, estadual e nacional do PDT.
Candidatos “mais ricos” de 2012
O candidato que mais arrecadou na última campanha foi Luciano Ducci (PSB), com R$ 14,32 milhões (entre pessoas físicas e jurídicas). A doação mínima entre as pessoas físicas foi de R$ 175, mas a maioria ficou na casa dos R$ 1 mil (675 das 1.163 doações foram registradas nesse valor). Ducci está apoiando Greca nessas eleições.
Ratinho Jr. (PSD, à época no PSC), que disputou o segundo turno com o atual prefeito, declarou a ajuntada de R$ 8,44 milhões em 2012. A menor doação de pessoa física foi de R$ 106. A maior, de R$ 500 mil, quase o total arrecadado em toda a campanha de Greca e muito superior à maior doação individual registrada por Fruet.
Resumo
Doações Fruet
R$ 370.260,00 - 246 pessoas físicas
Total de receitas: R$ 6.230.813,54
O que representa as doações de pessoas físicas: 5,9%
Doações Greca
R$ 25.517,00 - 40 pessoas físicas
Total de receitas: R$ 858.414,81
O que representa as doações de pessoas físicas: 2,9%
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