Um dos assuntos que deu o que falar no primeiro turno das eleições em Curitiba, a mobilidade urbana continua sendo preocupação nesta nova fase da disputa. O candidato Rafael Greca (PMN), que criticou diversas vezes a gestão do atual prefeito Gustavo Fruet (PDT), diz estar comprometido com os ciclistas da cidade, mas afirma que eventuais novas ciclovias serão feitas “de maneira a não infernizar a vida de quem dirige automóveis e ônibus”.
No plano de governo, o candidato do PMN diz que vai “dar continuidade a ações que incentivam o uso da bicicleta como meio de transporte”. No site da campanha, o candidato divulgou um vídeo (assista abaixo) com diretrizes propostas em uma carta compromisso apresentada pela Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (Cicloiguaçu), que foi assinada por Greca.
Entre as prioridades estão investimentos em infraestrutura e ampliação da segurança. Greca promete ampliar a infraestrutura para bicicletas, construir cruzamentos mais seguros e revitalizar passeios e calçadões.
“Fazer ciclovia é mais do que espalhar tinta colorida pelo chão. Eu espero fazer ciclovias e ciclofaixas que não ofereçam ciclistas em sacrifício, com grande segurança”, afirma o candidato. Questionado sobre onde serão construídas as novas ciclovias, o candidato foi vago. “Vão ser feitas dentro do desenho da cidade de maneira a não infernizar a vida de quem dirige automóveis e ônibus”, afirmou.
O candidato critica a adoção das ciclofaixas criadas em ruas como a Sete de Setembro, Avenida Paraná e João Gualberto, que permitem a circulação compartilhada de veículos e ciclistas nas chamadas vias calmas. Ele não esclarece, porém, se pretende acabar com os espaços compartilhados. “A Sete de Setembro tem que ser requalificada, ela é muito ruim. Não vou contar [se vou manter a ciclofaixa] porque o Ney Leprevost (PSD) copia”, disse. Greca também promete uma ligação intermodal em terminais da cidade.
Bancada da mobilidade promete resistência
A nova formatação da Câmara de Vereadores mostra que Greca não terá vida fácil na questão da mobilidade, caso seja eleito. Um dos principais defensores da bandeira da mobilidade urbana e do cicloativismo, Goura Nataraj (PDT) foi eleito vereador e promete priorizar as questões durante o mandato.
Área calma
Uma das propostas de Greca (assim como de Leprevost) é reavaliar a área calma, no Centro da cidade. Atualmente, a velocidade máxima permitida é nesta região é de 40 km/h - medida implantada na atual gestão. “Promovida a integração modal vamos também revisar a área calma dentro de um critério que contemple tanto o respeito a vida quanto a necessária boa circulação da cidade”, disse. O candidato acrescentou ainda que não tem interesse em arrecadar recursos com multas de trânsito.
“A gente tem mais de cem quilômetros de projetos executivos a serem implantados. O prefeito que assumir já vai ter muito projeto para implantar”, diz Goura, que participou da gestão do atual prefeito da cidade.
Ele diz não concordar com as críticas de Greca em relação às ciclofaixas das avenidas Sete de Setembro e João Gualberto, por exemplo. “Eu nunca vi o Rafael Greca pedalando para dizer que não é seguro”, ironizou o vereador eleito. “É importante frisar que a gente não precisa de vias prioritárias para bicicletas. Acho que em médio prazo a gente tem que apostar no compartilhamento”, diz Goura.
Para ele, falta diálogo com os usuários nas propostas dos candidatos em relação a construção de novas ciclovias na cidade. “Acho que tanto o Ney Leprevost quanto o Rafael Greca têm que explicar de uma forma menos geral e mais específica onde eles querem implantar as ciclovias”, critica o ativista.
Goura também diz ser contrário ao posicionamento de Greca de rever a velocidade máxima na área calma. “A 40 km/h, o Rafael Greca não vai matar ninguém se ele estiver dirigindo um carro”, disse.
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