Cristaleira da chácara de Greca (ao fundo, à direita): “indícios e evidências levam a crer que se trata do mesmo móvel”, diz perícia| Foto: Reprodução/Facebook

Uma das peritas responsáveis pela restauração da Casa Klemtz em 2007, Tatiana Zanelatto Domingues avalia que há indícios e evidências notórios de que os bens desaparecidos da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) são os mesmos localizados na chácara do candidato e ex-prefeito da capital Rafael Greca (PMN). O documento foi apresentado à imprensa na manhã desta sexta-feira (23) pelo presidente da FCC, Marcos Cordiolli. Greca nega a acusação.

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Comprada pelo município na época da administração de Greca, em 1995, e transformada em patrimônio público, a Casa Klemtz, localizada na Fazendinha, foi adquirida com 29 bens, incluindo livros e móveis. Conforme levantamento feito pela prefeitura em 2001 e atualizado em 2013, porém, 12 deles encontram-se desaparecidos.

A suspeita, amparada em imagens publicadas por Greca nas redes sociais, é que pelo menos três desses itens estão na Chácara São Rafael, em Piraquara, de propriedade do ex-prefeito. Trata-se de dois lavatórios e uma cristaleira. “Analisando as imagens e fazendo um comparativo entre elas, nota-se uma semelhança muito grande entre as peças. Com efeito, conclui-se que há grandes possibilidades de se tratarem dos mesmos móveis, comparando proporções por escalonamento, seus contornos e direções dos detalhes decorativos, que se fazem notar por meio de lente de aumento”, diz o laudo da perita, que é especialista em conservação e restauração de monumentos históricos e arquitetônicos.

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Segundo ela, a cristaleira em questão – que aparece em pelo menos cinco postagens feitas por Greca no Facebook – apresenta “características idênticas” na comparação com os registros do acervo da FCC. “Diante de tantas características, os indícios e evidências levam a crer que se trata do mesmo móvel, observando o período da fabricação do móvel e seu estilo artístico, seus puxadores e principalmente sua ornamentação tão característica”, avalia a perita.

Sobre um dos lavatórios, Tatiana afirma que as imagens retiradas do Facebook do ex-prefeito mostram “um móvel antigo com características muito próximas” às da peça da Casa Klemtz. “Seus contornos e dimensões são muito semelhantes, o detalhe em mármore claro é notavelmente similar, o que também traz evidências notórias de se tratar da mesma peça”, conclui no laudo.

Procuradoria solicitará visita à propriedade de ex-prefeito

A partir do laudo e das suspeitas de se tratarem das mesmas peças desaparecidas, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) acionou a Procuradoria Geral do Município (PGM), que determinou a abertura de uma sindicância para apurar o caso. Até a próxima segunda-feira (26), o órgão pretende encaminhar um ofício a Rafael Greca pedindo explicações sobre as peças e solicitando a abertura da chácara dele em Piraquara para que técnicos do departamento de patrimônio da fundação periciem os itens suspeitos.

À Gazeta do Povo, porém, o ex-prefeito já afirmou que “o ônus da prova cabe a quem acusa” e informou não ter a intenção de abrir a chácara para avaliação dos móveis. Nas redes sociais, chamando o prefeito Gustavo Fruet (PDT) de “medíocre e ressentido”, declarou que não tem, possui nem conserva os bens desaparecidos.

Questionada a respeito do posicionamento de Greca, a Procuradoria, por meio da assessoria de imprensa, disse que somente após transcorrida a sindicância poderá definir os próximos passos a respeito do caso.