Os prefeitos que se elegeram em 2012 pelo PT e trocaram de partido para disputar a reeleição por outras siglas em 2016 tiveram quase 10% a mais de sucesso do que os candidatos que tentaram a reeleição pelo PT.
É o que mostram os cálculos do Estadão Dados, do Grupo Estado, a partir da base de candidatos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) das duas eleições municipais mais recentes.
Os dados mostram que, levando em conta todos os demais partidos, não há diferença significativa no desempenho eleitoral de candidatos à reeleição que trocaram de legenda de 2012 para cá em comparação com os que se mantiveram na sigla.
Dos 699 que fizeram essa mudança, 47% foram eleitos. Já entre os 1.969 candidatos que não mudaram de legenda, a taxa de sucesso foi apenas ligeiramente maior: 49%. Não entram nos cálculos os 22 candidatos que disputarão o segundo turno no fim deste mês.
Quando o prefeito saiu do PT, no entanto, houve uma melhora significativa nas suas chances de vitória. A taxa de reeleição dos 226 candidatos petistas que se mantiveram no partido foi de 39%. Mas, entre os 90 ex-petistas que mudaram de partido, a taxa foi similar à média de todos os candidatos à reeleição: 48%.
No geral, contando apenas os candidatos filiados aos seus respectivos partidos neste ano, o PT também teve a menor taxa de reeleição entre os dez partidos que mais reelegeram prefeitos. O líder nesse ranking foi o PSDB: 215 dos seus 405 candidatos à reeleição venceram, uma taxa de sucesso de 53%. Já os prefeitos do PT conseguiram ser reeleitos em 39% dos casos.
O PT foi o partido que teve a maior derrota nas eleições municipais de domingo. Em 2012 a sigla elegeu 635 prefeitos, incluindo o de São Paulo, maior cidade do País, Fernando Haddad. Em 2016 o número caiu para 256 prefeitos eleitos, abaixo da meta de 50% prevista pela direção do partido. Haddad teve o pior desempenho de um petista em São Paulo na história.
Segundo dados internos, a votação do PT caiu de 17,2 milhões de voto nas eleições municipais de 2012 para 2,2 milhões no últimos domingo, colocando o partido em 10.º lugar entre os mais votados em 2016.
Entre os principais motivos para a queda de votos do PT estão o antipetismo estimulado por denúncias de corrupção envolvendo petistas reveladas na Operação Lava Jato e a perda do poder federal com o impeachment de Dilma Rousseff.
Prévias
O prefeito de Osasco, Jorge Lapas, que se elegeu pelo PT, mas trocou o partido pelo PDT e vai disputar o segundo turno, aponta um outro motivo. “Saí até por causa da disputa interna. Eu era o prefeito e queriam que disputasse prévia. No meio dessa luta os bons projetos do partido acabam ficando de lado”, disse Lapas.
Indagado se teria conseguido chegar ao segundo turno caso permanecesse no PT, Lapas foi categórico na resposta: “De jeito nenhum”.
Segundo ele, os sinais de aversão do eleitorado ao PT eram visíveis já há algum tempo. O antipetismo foi confirmado nas urnas de Osasco no domingo. O PT, que governou a cidade por três mandatos consecutivos com bons índices de aprovação, não conseguiu eleger um vereador sequer em 2016.
O ex-ministro de Comunicação Social do governo Dilma, Edinho Silva, foi um dos raros petistas a conseguir um bom resultado no domingo. Edinho foi eleito prefeito de Araraquara, cidade que já governou outras duas vezes, com 42% dos votos. Apesar do sucesso, o ex-ministro petista também sofreu os efeitos nacionais.
“Sofri”, disse ele. “Minha estratégia foi enfrentar o debate, dizer que o PT cometeu erros que outros partidos também cometeram e defender nosso legado, mostrar que fomos o partido que mais fez pela população mais pobre”, disse ele.
Autocrítica
Para Edinho, é este discurso que o PT deveria adotar em nível nacional. “É inegável que foi o pior resultado eleitoral da nossa história. Precisamos fazer uma autocrítica e valorizar nosso legado”, disse o ex-ministro.
Coordenador financeiro da campanha de Haddad e um dos vice-presidentes do PT, o deputado Paulo Teixeira preferiu atribuir a uma onda conservadora a derrota nas urnas. “Nesta eleição houve uma direitização”, disse o deputado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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