Gustavo Fruet e o apoio do ex-senador Osmar Dias.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Diferente do início na vida religiosa, o batismo político não significa a primeira consagração na carreira pública de um candidato. O recebimento de um pacote de apoio ou “apoios” representa, na verdade, um primeiro passo numa direção que, se tudo sair como o esperado, renderá muitos votos para os apoiados.

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No caso das eleições para a prefeitura de Curitiba, o padrinho político estará representado, mais uma vez, por grandes figurões da vida pública paranaense. O problema é que em um cenário em que a população parece ter chegado ao limite da aversão à política (ou à velha política), estes grandes “cabos eleitorais” podem atrapalhar mais do que transferir, de fato, seu capital político a seus escolhidos.

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Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo lembram que, na prática, receber a bênção ou o apoio desses figurões faz parte mais de uma estratégia em busca de tempo de propaganda eleitoral e suporte da máquina pública, do que necessariamente uma forma de atrair votos diretamente. E é justamente por esses fatores, na costura por alianças, é que é preciso pesar primeiro os problemas que virão dos ditos padrinhos.

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Neste quesito, para o cientista político da UFPR, Bruno Bolognesi, o deputado estadual Requião Filho (PMDB) é o único candidato que, em tese, deve receber transferência de votos de seu padrinho, o seu próprio pai, o senador Roberto Requião (PMDB). O sangue, neste caso, falaria mais alto.

“Esse efeito deve acontecer apenas com apenas com a família Requião”, avaliou Bolognesi. Os outros saem em desvantagem, em razão de, segundo ele, a transferência de votos no país, historicamente, acontece muito mais com o atual gestor apoiando seu candidato a sucessor, como no caso de Lula e Dilma em 2010. “É também provável essa transferência entre prefeito com candidatos a vereadores”, mencionou.

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Para o cientista político da Uninter, André Ziegmann, as alianças têm um ponto de partida necessário: as estratégias eleitorais para o pleito de 2018. “O maior problema é a confusão ideológica das coligações. Isso talvez confunda mais a cabeça dos eleitores do que os padrinhos”, disse.

Segundo Ziegman, um dos problemas causados pelos padrinhos famosos é a sombra que causa aos seus afilhados. “Caberá ao candidato mostrar sua própria luz durante a campanha”, lembrou.

No caso de Maria Victoria, lembrou Bolognesi, a base eleitoral dos pais não é Curitiba. Só a deputada federal Christiane Yared (PR), mais votada na cidade nas últimas eleições, poderia transferir votos. Ele, porém, faz o alerta: “A passagem de capital político não é linear”.

O mesmo ocorre com Gustavo Fruet (PDT), que tem como grande cabo eleitoral, Osmar Dias, presidente estadual do PDT e ex-senador, e com Ratinho Júnior (PSD) e o candidato Ney Leprevost (PSD). “O modo como as pessoas avaliam cargos de senador ou outro não é o mesmo que avaliam o de prefeito”, afirmou Bolognesi. Segundo ele, quando o caso é o apoio de Richa a Greca, a análise é fundamentalmente no suporte que a máquina pública pode gerar.

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