O candidato Requião Filho (PMDB) foi sabatinado pelos repórteres da Gazeta do Povo na quarta-feira (21). Durante as duas horas de entrevista o candidato falou sobre sua trajetória política, as contradições existentes entre o posicionamento do PMDB nos níveis estadual e federal e afirmou que a política por “herança” não é necessariamente velha política. Na segunda parte da sabatina, Requião Filho apresentou suas propostas, principalmente para as áreas de mobilidade, urbanismo, cultura e tecnologia.
Assista à sabatina com Requião na íntegra
Mobilidade
Uma das principais propostas do candidato para solucionar os problemas da mobilidade urbana é “desafogar” o centro da cidade e promover o adensamento dos bairros. Para isso, o candidato propõe a implantação de um terceiro anel viário na cidade, que integraria os bairros mais distantes da região central e proporcionaria acesso aos dez Centros de Transição Autossustentáveis Locais, que segundo o candidato são estruturas que devem funcionar como uma mistura entre terminais de ônibus e ruas da cidadania.
Leia o perfil do candidato Requião Filho
Sobre o contrato da prefeitura com as empresas que operam o transporte coletivo na capital, o candidato foi enfático ao dizer que ele deve ser revisto e, se necessário, rompido. “A tarifa está superfaturada e há indícios de fraude na licitação, que segundo a CPI da Câmara, foi direcionada para um grupo de Curitiba ganhar. O que foi feito? Nada. [...]O que aconteceu dentro da Urbs? Foi demitido o diretor que fez a licitação? Não, só mudou o cargo [...] Esse contrato seria revisto ponto a ponto”, afirmou.
Ainda sobre o assunto da mobilidade, que dominou boa parte da sabatina, o candidato defendeu o incentivo ao uso da bicicleta, mas salientou que os automóveis não podem ser demonizados. Requião também afirmou que as faixas exclusivas de ônibus são uma boa ideia, mas foram implantadas de uma maneira ruim em Curitiba.
Cultura
Outro tema abordado por Requião Filho na sabatina foi a municipalização do teatro Guaíra. “O governo do estado destruiu o Guaíra. Criou-se a Palco Paraná e não se colocou R$ 1 na Palco Paraná. O corpo de balé e o pessoal da orquestra estão com dificuldades enormes”, disse. Questionado sobre a viabilidade da proposta, que, segundo reportagem da Gazeta do Povo, consumiria 75% de todo o atual orçamento de destinado à cultura na cidade, Requião Filho afirmou que o teatro tem condições de se sustentar.
“O Guaíra é autossustentável. O Guaíra cabe na Lei do Mecenato, o Guaíra entra na Lei Rouanet. Ele funcionando, tendo capacidade de ter programação, trabalhando com patrocínios, é autossustentável”, afirmou.
Tecnologia
Algumas das propostas apresentadas por Requião Filho dependem do uso da tecnologia. O candidato prevê o uso de ferramentas tecnológicas, por exemplo, para facilitar a participação popular nas decisões públicas; para viabilizar cooperativas de comércio eletrônico e para diminuir problemas na saúde. Entretanto, segundo ele, aplicativos, em si, não têm utilidade. “O aplicativo sozinho tem a mesma força de uma pá encostada na parede. Se não tiver quem opere, se não tiver um planejamento, se não tiver um porquê, aquilo não adianta”.
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Família
Sobre as facilidades em conseguir viabilizar sua candidatura por ser filho do senador Roberto Requião, Requião Filho disse que não vê problema em seguir a mesma profissão de seu pai. “Se o pai é açougueiro e o filho tem orgulho da profissão do pai quer dizer que devemos proibir o filho de seguir a profissão do pai porque temos que abrir o mercado da carne para as demais famílias?”, questionou.
Considerando a atuação em funções públicas de seus tios, Maurício e Eduardo, em cargos nomeados pelo então governador Roberto Requião, o candidato defendeu a contratação de parentes desde que tenham competência para a função a ser exercida. “Eu não consigo entender o problema de parente ser cláusula infamante. Eu acho que o que não pode é quando você contrata alguém que não pode demitir, seja ele parente, a esposa, a amante ou indicação política [...] o problema não é o parentesco. É o como chegou lá, por que chegou lá”, disse.
PMDB
Outro tema árido que o candidato precisou enfrentar foi a atual situação do PMDB. Sobre o domínio que a família Requião exerce na legenda e a relação que isso teria com a perda de representatividade do partido na capital, o candidato alegou que a disputa pela vaga de candidato à prefeitura foi democrática, e não uma imposição de Roberto Requião.
“Ele não queria nem que eu saísse para deputado estadual. De forma natural, meu nome foi escolhido dentro do PMDB”, conta.
Sobre o conflito entre os posicionamentos do partido em nível estadual e federal, Requião Filho afirmou que o partido é horrível nacionalmente. “Seguimos [no PMDB do Paraná] um documento chamado Esperança e Mudança. Eles vêm com essa bobagem de redução de direitos dos trabalhadores, política entreguista. Nosso PMDB segue aquilo que criou o PMDB. Pelo social, pelo direito, pela capacidade de se expressar”, disse.
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