Vitorioso na eleição municipal de Curitiba, o governador Beto Richa (PSDB) também não tem do que reclamar quando vê o quadro de prefeitos eleitos nas 30 maiores cidades do estado. De cara, a lista não traz nenhum petista. Além disso, em apenas três municípios aliados do tucano dizem ver dificuldade de relacionamento enquanto ele estiver à frente do Palácio Iguaçu.
Por ser o primeiro pleito desde o episódio do dia 29 de abril do ano passado, que levou ao fundo do poço a popularidade de Richa, muitos apostavam em uma resposta da população nas urnas no último domingo (30). A própria “bancada do camburão” – formada pelos 33 deputados estaduais fieis ao tucano – teria que dar mostras de que segue tendo força e contatos pelo interior. E conseguiu.
Das 30 principais cidades paranaenses, seis serão comandadas pelo PSDB. Em outras 15, o comando da prefeitura estará nas mãos de partidos que integram a base aliada na Assembleia Legislativa – DEM, PMN, PP, PPS, PSC, PSD e PTB.
Mesmo nas legendas que, em tese, fazem oposição a Richa, a maioria dos eleitos têm bom trânsito no Palácio Iguaçu. Dos oito futuros prefeitos de PDT e PMDB, seis deles não devem ter dificuldades para se relacionar com Richa. Há ainda um prefeito do PV, em Paranaguá, que, segundo aliados do tucano, também não terá problemas a partir do ano que vem.
“O governador é um homem de diálogo, da paz. Nunca foi agressivo com ninguém, prefeitos, vereadores, a imprensa. Portanto, está aí a resposta da população para quem achava que ele estaria acabado após o 29 de abril. Esse episódio não pega nele”, comemorou o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB). “E veja que o fim do PT ainda vai acontecer. Eles foram nocauteados agora e isso terá reflexo na eleição para o governo em 2018. Todos vão fugir deles.”
Rusgas
Terceira principal cidade do estado, Maringá elegeu o pedetista Ulisses Maia em detrimento do grupo liderado por Ricardo Barros (PP), que está no governo com a vice-governadora Cida Borghetti (PP). Para aliados de Richa, esse cenário pode trazer problemas a partir do ano que vem.
Segundo um deputado aliado, Maia não terá trânsito direto no Palácio, uma vez que todas as demandas dele terão de passar antes pelas mãos dos Barros. “Nada será feito ou inaugurado em parceria com a prefeitura de Maringá sem a presença da Cida e do Ricardo”, projeta.
“Ainda não conversei com o governador, mas não vejo dificuldade nenhuma no nosso relacionamento. Estarei em Curitiba na semana que vem e pretendo encontrá-lo se for possível”, afirmou o futuro prefeito maringaense. Ele, no entanto, não escondeu os atritos que mantém com os Barros. “Engana-se quem pensa que o fato de termos a vice melhorou a situação da nossa cidade. Poucos recursos têm vindo para cá. Empresários chegaram a pagar do próprio bolso o conserto de viaturas da polícia”. Questionado sobre qual é o atual nível de relacionamento entre ele e a família mais poderosa do município, disse apenas que é de “respeito”.
Arestas a aparar
Em pelo menos outras duas das 30 maiores cidades do estado, aliados do governador Beto Richa preveem dificuldades no dia a dia com o Palácio Iguaçu. Em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, venceu a eleição a pedetista Marly Paulino. Ela é atual vice-prefeita do município, comandado pelo petista Luizão Goulart. “É PT, né. Ali vai ter que se construir um relacionamento”, afirma um deputado governista.
O pior cenário, entretanto, é o de Foz Iguaçu, cuja eleição foi vencida por Chico Brasileiro (PSD). Deputado estadual no primeiro mandato, ele votou contra Richa nos temas mais polêmicos da atual legislatura – como a reforma da Paranaprevidência – e sempre fez discursos duros da tribuna da Assembleia. Aliados de Richa, porém, apostam todas as fichas que Brasileiro não assumirá o cargo, uma vez que o pleito em Foz está sob judice.