Ainda durante a campanha, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), dizia que era cobrado por apoiadores, que reclamavam que ele não se comunicou o suficiente com a população. De fato, os gastos com a função comunicação social caíram 65% em relação à gestão anterior. Especialistas ponderam, porém, que isso não justifica o baixo desempenho eleitoral de Fruet, que ficou de fora da disputa do segundo turno na capital paranaense.
Em números: veja a diferença de investimento entre a gestão Fruet e a Richa/Ducci
“Um dos grandes desafios nesta eleição é enfrentar um eleitor que entendo que tinha uma expectativa comigo e que me cobra realizações. Por que não comuniquei durante o mandato?”, declarou na sabatina realizada pela Gazeta do Povo em 22 de setembro. “Já mostrei que fiz a gestão que menos gastou em publicidade e propaganda”, disse na ocasião.
Greca vence em todas as zonas eleitorais de Curitiba; veja como foi em cada uma
Leia a matéria completa- Leprevost tem melhor desempenho na região mais rica de Curitiba
- Cheiro de pobre, nota de 3 reais, lábios bonitos, calcinhas: as frases da campanha em Curitiba
- Eleição indica reaproximação entre prefeitura de Curitiba e governo do Paraná
- Richa cresce para 2018; Ratinho Jr. e Barros se dividem nas maiores cidades o Paraná
Segundo dados do Tesouro Nacional coletados pela reportagem e atualizados pela inflação, o pedetista destinou R$ 33,6 milhões para a área desde o início do mandato até o primeiro semestre de 2016. No período anterior, de janeiro de 2009 ao primeiro semestre de 2012, abrangendo as gestões de Beto Richa (PSDB) e Luciano Ducci (PSB), a prefeitura gastou na mesma função R$ 96,7 milhões, em valores corrigidos.
Fruet disse ainda que, por causa da agenda negativa de denúncias contra político e em um cenário de recessão, era difícil criar uma agenda positiva da administração: “Vivemos, a partir de junho de 2013, um grau de indignação sem precedentes, que não vai terminar logo”. Ele ressaltou os atributos e qualidades da equipe de comunicação e se colocou como vítima da criminalização de partidos.
Uma das principais ações de comunicação da gestão foi o perfil da prefeitura no Facebook, que saiu do ar em 30 de junho, durante o período eleitoral, acumulava 847 mil curtidas. A página, que adotou o humor como estratégia, virou “case” de sucesso e ficou conhecida nacionalmente. O investimento era baixo e o alcance, alto. Mas, muitas das pessoas eram de fora da cidade. Em junho de 2015, segundo reportagem publicada em O Globo, 56% dos fãs eram de fora do Paraná.
Realizações
Para o cientista político Emerson Cervi, da UFPR, a comunicação é uma ferramenta, e não é o que define o desempenho eleitoral de um candidato. “Temos vários exemplos de gestores que gastam muito com comunicação, mas que não se reelegeram. Há uma escolha na forma como vão ser manifestadas as realizações, mas se não há realizações, não há como mostrar”, pondera.
Alguns dos feitos relatados por Fruet, como pagamento de dívida herdada e mudanças na carreira dos servidores municipais, pouco importam para o eleitorado geral, observa Cervi. “Ele diz que pagou a dívida. E aí? Mesmo que tenha razão, não impacta no eleitorado, assim como refazer carreiras”, explica.
Cervi avalia que o Facebook da prefeitura foi eficaz em afinar a comunicação com um perfil específico de pessoas, mas ficou distante do grande público. “Para atingir a população é preciso usar a rádio local, e a tevê local, que estão presentes em mais de 90% dos lares”, acrescenta.
Na avaliação do cientista político Luiz Domingos Costa, Fruet pagou eleitoralmente por não ficar próximo da população nos bairros. “É o estilo dele, mais sóbrio, sem drama, e por isso ele não caiu no gosto popular”. Uma comunicação mais eficaz, porém, poderia ter minimizado isso, pondera Costa, professor da PUCPR e da Uninter.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião