Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Vários herdeiros devem disputar em 2008

Diversos herdeiros de sobrenomes tradicionais da política são pré-candidatos a vereador para a Câmara de Curitiba no próximo ano. Entre os possíveis candidatos às 38 vagas de vereador estão filhos, irmãos e outros parentes de deputados estaduais, federais e até mesmo do vice-governador Orlando Pessuti.

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Números de pesquisa

Você votaria em um candidato que é filho ou parente de algum político que você admira, só pelo fato de ele ter parentesco com esse político conhecido?

10,65% responderam que sim

86,12% responderam que não

3,23% falaram que talvez

Fonte: Instituto Paraná Pesquisas.

A maioria dos eleitores curitibanos não votaria em um candidato que herdou um sobrenome tradicional do mundo político somente pelo fato de ele ser parente de uma autoridade conhecida. Esse é o resultado de uma pesquisa feita pelo Instituto Paraná Pesquisas, encomendada pela Gazeta do Povo. De acordo com o levantamento, 86,12% não votaria em parentes de políticos somente levando em conta o sobrenome. O porcentual de eleitores que considerou o parentesco um fator decisivo para a escolha de candidato foi de 10,65%. A pesquisa foi realizada com 526 eleitores da capital, entre os dias 16 e 18 de outubro. A margem de erro estimada é de 4,5%.

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Nas eleições de 2008, vários sobrenomes conhecidos na política devem pedir votos para os curitibanos na disputa por uma vaga na Câmara de Curitiba. "Um sobrenome famoso não elege ninguém, ainda mais se a pessoa não souber fazer articulações políticas", diz o professor de Ciências Políticas Ricardo Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Embora a tradição política familiar não seja considerada pelos eleitores como crucial, na avaliação de Oliveira o herdeiro de um sobrenome tradicional recebe pronta uma estrutura política de relacionamentos e de favores, o que facilita a concorrência em uma primeira eleição. "Alguns nomes estão na política há muito tempo, já tem uma estrutura de relações e de clientelismo, que pode ser recuperada", diz.

Políticos que herdaram sobrenomes conhecidos dos eleitores e que estão se consolidando como lideranças políticas no Paraná afirma que as relações de parentesco ajudaram bastante, principalmente no início de carreira. Eles apontam o convívio com personalidades políticas e a rede de relacionamentos como vantagens eleitorais. "Não posso negar que sobrenome famoso abre muitas portas. Mas sem trabalho e sem disposição, ninguém chega a lugar nenhum", declara o deputado Alexandre Curi (PMDB). O parlamentar, neto do falecido deputado Aníbal Khury, diz que conhecer os políticos que freqüentavam a casa de seu avô ajudou-o a adquirir experiência e a manter uma rede de relações políticas.

O prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), filho do ex-governador José Richa, diz que teve o privilégio de aprender em casa a boa prática política e de conviver com personalidades. "Meu pai é uma boa referência na política, ainda mais hoje que a classe está tão desgastadas". Richa lembra que enfrentou bastante dificuldades no início de sua carreira política, inclusive não se elegeu na primeira eleição que disputou, para vereador, em 1992. "Continuei militando e vim a me eleger na eleição seguinte para deputado estadual".

O deputado Gustavo Fruet (PSDB) afirma que ser filho do ex-deputado federal e ex-prefeito de Curitiba Maurício Fruet foi importante no início de sua carreira política. Gustavo entrou na chapa no lugar do pai, que era candidato a deputado federal. O pai falaceu faltando 22 dias para as eleições, em 1999, e Gustavo foi indicado como substituto na chapa, elegendo-se pela primeira vez deputado federal. "Na época, o fato gerou uma mobilização de amigos", lembra o deputado. Segundo ele, o eleitor está cada vez mais crítico e exigente, mas sempre vai ter uma parcela da população que vai lembrar do sobrenome. "Ficar preso a isso é oportunismo. Com o tempo você vai construindo uma identidade".

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Para o deputado estadual Reinhold Stephanes Jr., filho do ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, o parentesco ajuda, mas é preciso muito trabalho para para conseguir a confiança dos eleitores. "O eleitorado não se transfere tão facilmente. Os eleitores da capital são exigentes e não votam em você só porque você é filho de um político", diz.